Folha de S. Paulo


Grupo planeja implantar nova conexão para voos internacionais no Nordeste

O grupo Latam, união da aérea chilena LAN com a brasileira TAM planeja aumentar em 35% os investimentos no Brasil nos próximos três anos com a abertura no final de 2016 de um novo ponto de conexão de voos internacionais no Nordeste –"hub" no jargão do mercado.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (17). Segundo a presidente-executiva da TAM, Claudia Sender, a nova conexão diminuiria o tempo de deslocamento para os passageiros do Nordeste, que poderiam pegar voos internacionais direto da região –sem fazer escalas em Guarulhos (SP), por exemplo.

A empresa considera três cidades para instalar a nova operação: Fortaleza, Natal e Recife. A decisão será tomada até o final do ano após a conclusão de estudos de viabilidade e negociações com os governos locais.

Será a quarta conexão da Latam. Hoje, além de Guarulhos o grupo também tem conexões internacionais em Santiago (Chile) e Lima (Peru). Em Brasília, o "hub" da TAM é apenas para voos domésticos.

Segundo a executiva, o novo "hub" também trará economia de custos à companhia.

Paulo Whitaker - 20.mai.2014/Reuters
Atualmente, muitos voos internacionais descem do Nordeste até Guarulhos antes de seguir viagem
Atualmente, muitos voos internacionais descem do Nordeste até Guarulhos antes de seguir viagem

AUMENTO DE INVESTIMENTOS NO BRASIL

Com isso, a Latam planeja investir US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 4,6 bilhões) a mais na operação brasileira nos próximos três anos, afirmou Sender.

O montante se somará aos R$ 13 bilhões de investimentos já anunciados no país no período. Segundo Sender, será uma realocação de investimentos do grupo, que manterá o mesmo plano de desembolsos, mas aumentará a fatia que será aportada no Brasil.

A ideia é que o ponto de conexão no Nordeste comece a funcionar em dezembro de 2016 e seja progressivamente expandido, com a inclusão de novos voos, até o final de 2018.

NEGOCIAÇÃO COM GOVERNOS ENVOLVERÁ ICMS

A escolha da cidade que abrigará o novo ponto de conexão de voos dependerá das negociações com operadores dos aeroportos e com os governos locais.

"A conversa com os governos passará pela discussão sobre a cobrança de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] e o compromisso de construção de vias de acesso", afirmou.

Já com os operadores, será preciso avaliar a infraestrutura dos aeroportos e se eles serão capazes de suportar o novo fluxo de passageiros, explicou Sender.

"É preciso infraestrutura adequada, que seja boa para o passageiro. 'Hub' bom é aquele que se consegue conectar o passageiro e a bagagem", disse.

Estudos internacionais apontam que a cada emprego direto gerado a partir da instalação do "hub" outros 10 são criados indiretamente, afirmou a presidente-executiva da TAM.

"Isso reforça o compromisso com o Brasil. Temos visto poucos anúncios de investimento. Diante do momento que o Brasil está passando, a decisão mostra a força de LAN e TAM, que agregam a demanda de sete países. Há o privilégio geográfico do Nordeste, mas, não fosse a associação, provavelmente não seria viável", afirmou Sender.

RISCO

Sender afirmou que o único risco para a implantação do plano é o desfecho das negociações sobre a nova lei do aeronauta, que será votada no Congresso.

Segundo ela, a proposta dos aeronautas (categoria que reúne comissários de bordo e pilotos) resultaria em despesas adicionais de R$ 1 bilhão para a companhia no Brasil.

"No mercado doméstico, a operação fica mais onerosa para todo mundo. O problema é o cenário mundial, porque os custos ficam muito acima das concorrentes. A TAM é hoje a companhia brasileira que mais opera voos internacionais, por isso, o aumento dos custos é um empecilho para a expansão", afirmou.


Endereço da página: