A força-tarefa montada para a Operação Zelotes, que investiga fraudes nos julgamentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), inicia nesta semana nova fase, concentrada nos conselheiros indicados pela Fazenda –até agora, a maioria dos suspeitos foi indicada pelos contribuintes.
Cada turma do Carf tem seis integrantes, sendo três indicados pelos contribuintes e três pela Fazenda –estes são auditores da Receita na ativa. Um deles preside a turma e tem o voto de desempate.
Segundo os investigadores, para o esquema de corrupção ter sucesso, pelo menos um conselheiro fazendário precisa ser corrompido.
Segundo a Folha apurou, os investigadores vão apertar o cerco em torno de Otacílio Cartaxo, que já comandou a Receita Federal e presidiu o Carf. Já são três os suspeitos de receber propina ligados a Cartaxo, um deles um auditor fiscal que o acompanha há cerca de 15 anos.
Trata-se de Valmar Fonseca de Menezes, que era chamado por colegas no fisco como o "carregador de pasta" de Cartaxo. Conforme a Folha revelou na última sexta (10), ele foi citado na carta anônima com denúncias sobre o Carf que deu origem à Operação Zelotes.
Segundo o documento, Valmar é um dos integrantes do esquema "responsável pelo desvio de bilhões de reais nos últimos anos".
| Editoria de arte/Folhapress | ||
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No final dos anos 1990, Cartaxo assumiu uma seção do Conselho de Contribuintes, nome anterior do Carf, para onde indicou Valmar.
Em meados dos anos 2000, os dois participaram de vários julgamentos em uma das câmaras do conselho. Conforme a Folha informou, Cartaxo caiu na malha fina da Corregedoria da Receita por ter declarado, nesse período, altas somas em dinheiro vivo guardadas em casa.
O caso foi arquivado pela corregedoria, mas os investigadores da Zelotes pretendem agora revê-lo.
A trajetória de Valmar está diretamente associada à ascensão de Cartaxo no fisco. Por indicação de Cartaxo, Valmar foi nomeado em 2007 delegado da Receita em Recife. No ano seguinte, Cartaxo virou secretário-adjunto da Receita e nomeou Valmar como seu assessor direto.
Em 2009, Cartaxo assumiu como secretário do fisco e, pela segunda vez, indicou Valmar para o Carf. Em 2011, Cartaxo também foi para o Carf, como presidente do órgão, tendo saído em janeiro.
A Folha telefonou para a casa de Cartaxo, que não telefonou de volta, e não conseguiu contatar Valmar.