Folha de S. Paulo


Mais produtivo, pré-sal exige menos investimento da Petrobras

Em tempos de corte de investimentos, a Petrobras beneficia-se da maior produtividade do poços do pré-sal, que jorram um volume maior de óleo do que o previsto.

Desse modo, são necessários menos recursos para a compra de equipamentos, instalação de plataformas e perfuração de novos poços. Ou seja, a estatal produz mais com menores investimentos.

Quando a exploração dos campos da bacia de Santos (a mais importante do pré-sal) foi planejada, em 2010, a estimativa era de uma produtividade média de 15 mil barris por dia em cada poço.

A produção atual, porém, é de 25 mil barris/dia, em média, em cada um dos 17 poços perfurados nos dois campos ativos –Lula e Sapinhoá.

Prioridade máxima da companhia diante do retorno rápido, o pré-sal é, assim, também uma ferramenta para a estatal reduzir investimentos diante das dificuldades de caixa e do custo maior de captar recursos após a perda do grau de investimento.

A companhia não fala em valores a serem investidos nem no tamanho no corte de seu orçamento. Diz apenas que seu plano está sob revisão e que "os poços em produção têm apresentado potencial acima do previsto", o que "otimiza investimentos".

AJUDA DO PETRÓLEO

O presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), Jorge Camargo, ex-diretor da estatal, diz que a queda do petróleo também ajuda a reduzir o custo dos investimentos no setor, pois os preços de serviços e equipamentos seguem a cotação do óleo.

O instituto defende o fim da exclusividade da Petrobras como operadora única do pré-sal, o que poderia ampliar e antecipar a exploração da reserva –apenas um terço da área total está sob concessão ou foi cedida à Petrobras e parceiros.

Pelas regras do regime de partilha de produção vigente apenas para o pré-sal, a estatal lidera todos os consórcios com, ao menos, 30% de participação. É responsável pela contratação de equipamentos e serviços, além de liderar o planejamento do desenvolvimento dos campos.

Neste momento, a regra é vista no setor como um tiro no pé, pois obriga a estatal a investir pelo menos 30% do custo total, sem ter recursos disponíveis. Tal situação deve postergar o início da produção de áreas cedidas pela União à estatal.

Se o preço mais baixo do petróleo –que saiu no fim de 2014 de uma faixa superior a US$ 100 o barril para US$ 60 –barateia o investimento, ele também reduz a geração de caixa dos campos do pré-sal, contribuindo menos para a receita da estatal. A província já responde por um terço da extração de óleo do país.

Maurício Figueiredo, vice-presidente para o Brasil e América Latina da Baker Hughes (uma das principais fornecedoras da Petrobras), diz que a rentabilidade dos campos é afetada pela queda da cotação do petróleo, embora o tempo médio de perfuração do poços caiu, o que também ajuda a antecipar receitas.


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