Folha de S. Paulo


Lista também trava divulgação de balanço da Petrobras

Ainda que a Petrobras conseguisse preparar as demonstrações financeiras de 2014 auditadas para entregar nesta terça-feira (31), último dia de acordo com as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), uma lista com nomes de 35 funcionários provavelmente emperraria a divulgação.

O rol representa os últimos nomes de um grupo inicial de 150, de um total de 2.000 funcionários que estão tendo seus atos na empresa nos últimos anos escrutinados pelos dois escritórios de advocacia contratados em outubro para investigar e tentar entender os efeitos do esquema de corrupção, descoberto pela Operação Lava Jato, na empresa.

Os 2.000 participaram de atos relacionados às 23 empreiteiras denunciadas na Lava Jato –e com quem a Petrobras suspendeu negócios no fim do ano passado.

Os 150 nomes ganharam prioridade porque são funcionários que lidam ou lidaram com a PwC, firma que audita os balanços da Petrobras.

Por determinação do comitê criado para acompanhar o trabalho dos dois escritórios, o balanço só vai ser assinado pela PwC quando foi concluída a investigação sobre eles.

A empresa já está em débito, desde 14 de novembro, com as demonstrações do terceiro trimestre. Por dia de atraso, a cada documento atrasado, a Petrobras tem que pagar R$ 500 de multa.

Se não entregar as demonstrações do terceiro trimestre auditadas até julho, a Petrobras deverá ter seu nome registrado na "lista de inadimplentes" da CVM.

Se não apresentá-las até 14 de novembro, a Petrobras terá seu registro na CVM suspenso e, assim, não poderá ter ações em Bolsa negociadas. Com um ano de suspensão, seu registro é cancelado.

NÚMERO 'CRÍVEL'

A PwC só vai dar o aval para os balanços quando a Petrobras conseguir apresentar um número "crível" a ser subtraído dos ativos, relacionados a valores adicionados indevidamente como investimento, entre 2004 e 2012, mas desembolsados, na verdade, com pagamento de propinas.

Em janeiro, duas consultorias apresentaram ativos sobrevalorizados em R$ 88,6 bilhões. O valor acabou descartado porque incluía também variáveis como câmbio, fatores operacionais e ineficiência. Agora, busca-se uma outra fórmula.


Endereço da página: