Folha de S. Paulo


Dilma diz que Levy foi 'mal interpretado' e agradece 'elogio'

A presidente Dilma Rousseff defendeu o ministro Joaquim Levy (Fazenda) e disse ter "clareza de que ele foi mal interpretado" quando afirmou que, embora bem intencionada, ela nem sempre age da maneira mais eficaz.

"Ele falou que nós, e agradeço o elogio dele, acha que fazemos imenso esforço para fazer o ajuste", disse Dilma após entregar unidades do Minha Casa, Minha Vida nesta segunda (30) em Capanema (a 152 km de Belém). "Em política, vocês sabem que às vezes não posso seguir o caminho curto porque tenho que ter o apoio de todos aqueles que me cercam, só assim a gente consegue construir um consenso".

Ela disse que o ministro ficou "bastante triste" com a interpretação dada às declarações e explicou as falas pessoalmente.

As declarações de Levy foram feitas em clima informal a uma plateia de dezenas de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago, instituição onde Levy se graduou Ph.D. Foi a primeira vez que ele direcionou uma crítica especificamente ao nome da presidente em público.

"Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse o ministro, conforme gravação do evento obtida pela Folha.

Neste sábado (28), o ministro afirmou que a frase foi tirada de contexto e reclamou da interpretação.

No discurso de entrega das casas, Dilma afirmou que, apesar dos ajustes na economia, "nada no mundo" fará com que ela interrompa programas sociais.

José Marques/Folhapress
Outdoors espalhados pelo prefeito de Capanema, Eslon Martins (PR), que apoiou Aécio Neves em 2014
Outdoors espalhados pelo prefeito de Capanema, Eslon Martins (PR), que apoiou Aécio Neves em 2014

VÁRIAS REFORMAS

Ainda em entrevista após o evento, Dilma afirmou que pretende fazer "várias reformas" depois que finalizar os ajustes na economia, mas não especificou quais.

"Eu não anuncio coisas que eu quero fazer", disse.

Questionada sobre o baixo crescimento do PIB em 2014, de 0,1% –mais fraco resultado desde a retração de 0,2% registrado em 2009–, a presidente disse que trabalha "todos os santos dias, todos os minutos dos santos dias, todas as horas" para que o Brasil "retorne a uma taxa de crescimento compatível com seu potencial".

Ela citou como exemplo a redução em desonerações. E acrescentou: "Todos falaram que o Brasil cresceu muito pouco em 2014, agora ninguém disse que os dados da solvência do país melhoraram todos. Todos. Nós estamos agora com 58% da dívida bruta sobre o PIB".


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