Folha de S. Paulo


Levy diz que frase foi tirada de contexto e lamenta interpretação

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou à Folha "lamentar a interpretação" dada pelo jornal à sua declaração sobre a presidente Dilma Rousseff, tirando-a do contexto em que foi proferida durante conferência para mestres em negócios na última terça-feira (24).

Segundo Levy, em nota pessoal encaminhada ao jornal, ele repetiu na conversa algo que tem dito desde que assumiu a pasta: que a presidente tem um "desejo genuíno" de promover o ajuste na economia e que isso envolve "dificuldades" e "nem sempre as medidas têm a efetividade" que todo o governo Dilma espera e deseja.

Levy reclamou da interpretação feita de sua declaração, dada em clima informal a uma plateia de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago -onde o ministro se graduou Ph.D-, em que afirmou:
"Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno."

Em sua nota, o ministro, na busca, segundo ele, de esclarecer o que quis dizer, sublinhou que os elementos de sua fala são os seguintes:

"Aqueles que têm a honra de encontrarem-se ministros sabem que a orientação da política do governo é genuína, reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da excelentíssima senhora presidente Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que nem todas as medidas tomadas têm a efetividade esperada."
manifestação pessoal

Enfatizando que o documento não é uma nota oficial, mas "uma manifestação pessoal", o ministro destacou que sua "conversa informal com membros do setor financeiro procurou transmitir os pontos principais do ajuste econômico em face à evolução da economia global e à exigência de crescimento no Brasil, e a importância de executá-lo rapidamente".

O ministro destacou que o governo nem sempre opta pelo caminho mais "fácil" em suas medidas, mas que elas são necessárias e que, em última instância, o Congresso vai aprimorá-las.

Joaquim Levy fez questão de destacar que a presidente Dilma tem demonstrado total comprometimento com a política de ajuste da economia, acrescentando que, como presidente, as correções foram aprovadas por ela e são dela.

Ele lembrou que a própria presidente tem dito que o governo teve de fazer ajustes na economia diante da mudança do cenário econômico e que, tão logo as correções comecem a fazer efeito, o país voltará a crescer.

Em suas conversas informais, Levy tem feito questão de reconhecer que a presidente tem sido "corajosa" em adotar as correções na política econômica e acredita estar no caminho certo para restaurar a confiança na economia brasileira.

Nesta terça-feira (31), o ministro irá à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar o que os parlamentares chamam de "Plano Levy", que são as medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo ao Congresso.

Em acordo fechado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro também deverá apresentar uma alternativa ao projeto já aprovado pela Câmara que estabelece um prazo de 30 dias para o governo regulamentar as novas regras do indexador da dívida dos Estados e municípios.


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