Folha de S. Paulo


Após queda por EUA, dólar sobe e bate R$ 3,307 com tensão política

Depois de cair nesta quarta (18) após o banco Central dos EUA sinalizar que não deve elevar os juros no curto prazo em razão do crescimento moderado da economia, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, bateu R$ 3,307 nesta quinta-feira (19).

A moeda é pressionada por tensões políticas, um dia depois da demissão de Cid Gomes do Ministério da Educação após críticas a parlamentares. A avaliação de analistas de mercado é que o episódio tumultuou ainda mais o relacionamento já conturbado entre governo e Congresso.

Às 15h29, a moeda subia 2,67%, para R$ 3,299. No mesmo horário, o dólar à vista –que caía pela manhã– também operava em alta e avançava 1,19%, para R$ 3,305.

Às 15h30, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 1,28%, a 50.866 pontos, interrompendo série de três altas. Das 68 ações negociadas, 51 caíam, 15 subiam e duas operavam inalteradas no horário.

BC DOS EUA

A alta do dólar comercial ocorre um dia após a moeda ter fechado cotada a R$ 3,21 por efeito da ata do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Na quarta-feira, o Fed indicou preocupação com o crescimento moderado da economia americana e sinalizou que só elevará as taxas de juros quando sentir uma recuperação sólida dos Estados Unidos.

O banco central americano reviu sua avaliação sobre a atividade econômica, afirmando que o crescimento tornou-se um pouco mais moderado. Em dezembro, a autoridade monetária havia afirmado que a atividade econômica estava se expandindo a um ritmo sólido.

"Os mercados receberam bem a indicação de que, quando o Fed começar a subir os juros, vai fazer isso de uma forma responsável, e não brusca, o que poderia causar muita instabilidade no mercado", diz André Moraes, analista da corretora Rico.

Nesta quinta, foram divulgados dados de auxílio-desemprego nos EUA, mostrando que os pedidos cresceram levemente na semana passada. Isso indica que o mercado de trabalho americano continua em terreno sólido, apesar da desaceleração no crescimento econômico.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram de 290 mil para 291 mil, segundo dados ajustados sazonalmente, informou o Departamento de Trabalho nesta quinta-feira.

No mercado brasileiro, Banco Central deu sequência nesta quinta às vendas de contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda futura de dólares) que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.

A atuação se dá em meio a dúvidas sobre o futuro do programa. Na quarta-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a autoridade monetária ainda não definiu a continuidade das intervenções no mercado de câmbio por meio do programa de leilões de contratos de "swap cambial".

BOLSA

A Bolsa opera em baixa também influenciada pela demissão do ministro Cid Gomes (Educação) e por um movimento de investidores que aproveitam as três altas seguidas vender ações para embolsar lucros.

A demissão de Cid Gomes causou preocupação entre os investidores, afirma Moraes, da Rico. "Isso assusta muitos investidores, causando instabilidade. Por outro lado, acelera a reforma ministerial, o que é bom para acalmar os ânimos dos aliado. O investidor gosta de tranquilidade para trabalhar com calma", diz.

Destaque para as ações da Petrobras, que caem após três altas fortes. Às 15h29, os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, caíam 4,20%, para R$ 8,88. As ações ordinárias, com direito a voto, perdiam 4,40%, para R$ 8,69, no horário.

Vale e siderúrgicas também oscilam, afetadas pela desvalorização do preço do minério de ferro no exterior. Às 15h29, as ações preferenciais da Vale caíam 0,59%, para R$ 16,68. As ações ordinárias tinham baixa de 1,48%, para R$ 19,30.


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