Folha de S. Paulo


Dólar caro aumenta procura por viagens no Brasil e Europa

Para fugir da alta do dólar, turistas têm procurado destinos alternativos aos Estados Unidos para as próximas férias, como o Brasil e até a Europa. Segundo executivos do setor, a maioria dos brasileiros não vai desistir de viajar por causa do câmbio.

"A alta do dólar tem favorecido as viagens pelo Brasil e para a Europa, já que o euro também se desvalorizou em relação à moeda americana", diz Luiz Eduardo Falco, presidente da agência de viagem CVC. "É comum o consumidor adaptar a viagem de férias de acordo com o orçamento. Mesmo em época de alta do dólar, o brasileiro não abre mão de viajar a lazer", acrescenta.

O vice-presidente da Agaxtur, outra agência de viagem, Jarbas Corrêa Júnior, também diz que a demanda por destinos na Europa cresceu nas últimas semanas. "O interesse por países europeus aumentou mais do que pelo Caribe e América do Sul", disse. A agência também notou aumento da demanda por pacotes no mercado interno, principalmente por resorts que trabalham com sistema "all inclusive" (tudo incluído).

São nesses pacotes mais completos, incluindo refeições, e nas promoções que as agências de turismo esperam conquistar turistas neste ano, inclusive no exterior. "O sistema tudo incluído ajuda a evitar gastos extras no destino", diz Falco. Parcelamentos sem juros e promoções de câmbio reduzido também são outras apostas da CVC para esse período de demanda enfraquecida.

Prevendo um ano difícil, as agências e operadoras de turismo já prepararam, mesmo antes da alta do dólar, liquidações para o período de baixa temporada, que vai até o início de junho.

"Mesmo com essa alta recente do dólar, alguns destinos, em reais, estão mais baratos do que no ano passado", diz Edmar Bull, vice-presidente da Abav (Associação Brasileira das agências de Viagens). "Temos viagens para Portugal a partir de US$ 500 para o Carnaval do ano que vem", citou.

Apesar das promoções, o setor de turismo diz ainda não ter percebido o impacto do dólar nas vendas. Como a alta mais forte da moeda norte-americana ocorreu após o Carnaval, já em baixa temporada, o câmbio não inibiu as compras, já enfraquecidas. "Isso [a disparada do dólar na baixa temporada] foi até um certo alívio para nós", diz Magda Nassar, vice-presidente da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).

OSCILAÇÃO

Magda admite, no entanto, que a oscilação do câmbio é muito prejudicial para o turismo, pois as pessoas ficam com receio de se programar em momentos de incerteza. Mas ela ressalta a capacidade rápida de adaptação do setor a momentos mais desafiadores, com a realização de promoções, por exemplo.

Segundo o vice-presidente da Agaxtur, há duas semanas, quando o dólar subiu de forma mais brusca, o movimento na agência caiu. "Nossas estatísticas diárias mostraram uma queda de 15% a 20% na procura por pacotes internacionais nesse período", disse. "Nos últimos dez dias, no entanto, os consumidores retomaram as compras."

De acordo com o executivo, experiências anteriores mostram que, durante o período de oscilação do câmbio, o mercado fica retraído. "Quando ele estabiliza, o mercado volta a ser comprador, não interessa o patamar em que ele está." Ele explica que, com o dólar estável, mesmo caro, o consumidor consegue escolher com mais tranquilidade o seu destino -seja Estados Unidos, Europa, Caribe ou o Nordeste brasileiro.


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