Folha de S. Paulo


Pressa para vender ativos pode dificultar tarefa da Petrobras

Pressionada pela necessidade de fazer caixa e reduzir sua dívida, a Petrobras encontra um mercado difícil para seu plano de venda de ativos, o que deve levá-la a ter de se desfazer deles com preços depreciados.

Segundo analistas e executivos do setor, ela pode aceitar ofertas menores diante da urgência em obter até US$ 13,7 bilhões, visando melhorar suas finanças.

Reportagem da Folha desta terça-feira (17) mostrou que aPetrobras já definiu os ativos que pretende vender e os bancos que foram encarregados de encontrar compradores no Brasil e no exterior.

O pacote inclui usinas termelétricas, participações em distribuidoras de gás e em campos de petróleo, postos de gasolina no exterior e uma fatia da Petrobras Distribuidora, dona da marca BR, a maior rede de postos do país.

Agência Petrobras
Posto de combustíveis da Petrobras em San Lorenzo, Argentina
Posto de combustíveis da Petrobras em San Lorenzo, Argentina

A pressa não é o único empecilho para a Petrobras. Um outro desafio é o baixo patamar histórico do preço do petróleo –que saiu de uma média de US$ 109 por barril no ano passado para US$ 48 em janeiro deste ano.

A cotação já esboça uma recuperação –a média de em fevereiro foi de US$ 58 por barril–, mas dificilmente vai recompor os preços de 2014.

Esse cenário, dizem analistas, deve levar a Petrobras a esperar uma recuperação das cotações para colocar à venda os ativos de exploração e produção –os que têm maior potencial de valorização e cujos principais interessados são países dispostos a acumular reservas no longo prazo, como a China.

Há a ressalva, porém, de que o mercado não está muito "comprador" para empreendimentos de exploração e produção.

É que a queda dos preços do petróleo a partir do fim do ano passado inviabilizou campos e novos projetos principalmente do gás de xisto nos EUA.

Com uma retomada dos preços, os investimentos podem ser canalizados novamente para o país que é o maior consumidor de petróleo do mundo.

Mais uma razão, dizem analistas e executivos sob anonimato, para a estatal se desfazer primeiro de projetos e empreendimentos como termelétricas, participações acionárias em distribuidoras de gás (ambos da área de gás e energia da estatal, que espera contribuir com 40% do valor da venda de ativos) e sua rede de postos em países da América do Sul.

Para esses negócios, há mais chances de sucesso nos planos da estatal e potenciais interessados –que devem barganhar o preço por causa da necessidade da estatal de levantar recursos

2014 DIFÍCIL

No ano passado, esse cenário, agravado pela crise de corrupção na Petrobras, já travou negócios no setor de óleo e gás no Brasil.

O número de fusões e aquisições na indústria do setor no país caiu 31,5% de 2013 para 2014 –38, ante 26 operações, de acordo com estudo da consultoria KPMG.


Endereço da página:

Links no texto: