Folha de S. Paulo


Revisão do PIB pelo IBGE deve afastar recessão em 2014

A revisão do PIB (Produto Interno Bruto), a ser divulgada nesta quarta (11), está sendo comemorada dentro do governo porque deve garantir pelo menos um crescimento pequeno da economia no ano passado, em 2014.

Com isso, a presidente Dilma escaparia de registrar um ano de recessão em seu mandato. Neste ano, a expectativa é de retração da economia –de 0,66%, segundo previsões de analistas incluídas no Boletim Focus, do Banco Central.

Informações preliminares repassadas ao governo indicam que o PIB de 2011, por exemplo, deve passar de um crescimento de 2,7% para algo na casa de 3,9%. O de 2012 também deverá será alterado e deve subir também –a taxa havia sido de 1%.

Se confirmados, os dados ampliam o chamado carregamento estatístico. Ou seja, o PIB já parte de uma base mais elevada de volume de produtos e serviços produzidos. Analistas projetam que o PIB de 2014 tenha oscilado entre estabilidade e um recuo de até 0,5%. O resultado será conhecido no final deste mês.

Os dados recalculados do PIB serão divulgados nesta quarta-feira (11) de 2000 a 2009, além do PIB definitivo de 2010 e 2011 (haviam sido apresentados dados preliminares com base no PIB trimestral).

Os números finais de 2012 a 2014 serão divulgados no dia 27 deste mês, junto com o PIB do quarto trimestre e o resultado preliminar de 2014.

Desde 2010, o IBGE trabalha para introduzir novas recomendações metodológicas da ONU, lançadas em 2008, para a cálculo do PIB. O organismo internacional deu prazo até 2016 para a maior parte dos países. As mudanças, diz o IBGE e analistas, têm efeito "positivo" no PIB.

O motivo básico para um incremento do PIB é que muitas despesas passaram a ser consideradas como investimento, além do fato de melhora da base de dados (que traz informações mais precisas sobre alguns setores).

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas, por exemplo, jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares são contabilizados no PIB.

Antes, eram encarados como despesas intermediárias e descontadas do cálculo do PIB –que mede a produção de bens e serviços, excluído todo o gasto com compra de insumos, pagamentos de funcionários e outros.

Pela nova metodologia, os gastos governamentais com a compra de equipamentos militares também passam a ser considerados como investimento. Nos EUA (país com pesados despesas com armamento bélicos e em pesquisa e desenvolvimento), o valor do PIB aumentou 2,4% com a introdução das recomendações da ONU, tarefa concluída em 2014. Foi o primeiro país a incorporar as alterações. No Brasil, a importância do agora investimento militar é pequeno, segundo o IBGE.

Outra mudança importante é a forma de contabilizar a produção gerada pelas sedes de empresas industriais que realizam atividades de auxiliares e administrativas –caso tenham relevância para as companhias. Antes, eram contabilizadas como despesas, dentro da produção gerada pela unidade fabril da companhia. Agora, vai ser atribuído um valor para essa produção, que migrará do setor industrial para o de serviços.

Um exemplo: todas os serviços corporativos da Vale, realizados na sede no Rio, serão computados como serviços prestados às unidades produtivas da mineradora em Minas Gerais e Pará.

O IBGE também aperfeiçoou mecanismos de apuração de dados da saúde pública (considerando o tipo de atendimento e internação, e não mais apenas o total de procedimentos). Incluiu ainda na construção civil a evolução do custo da mão de obra, e não apenas dos insumos usados nas obras. O setor também terá uma nova abertura, com dados de edificações (residenciais e não residenciais) e obras de infraestrutura.

O IBGE também passou a contar com mais fontes de dados, como o Imposto de Renda Pessoa Física e Jurídica e novas pesquisas da indústria (reformulada) e serviços, e reclassificou alguns subsetores.


Endereço da página:

Links no texto: