Folha de S. Paulo


Pagamento de propina pode chegar a R$ 50 mil por carga

A corrupção é um dos principais fatores que contribuem para o alto índice de produtos contrabandeados no país, de acordo com estudo realizado pelo Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), antecipado para a Folha e que está sendo apresentado na manhã desta terça-feira (3).

O pagamento de propina pode chegar a R$ 50 mil, afirma a pesquisa, que mostra que a corrupção para liberação de cargas ilegais ocorre em vários níveis operacionais e é dividida em quatro momentos.

O primeiro momento ocorre próximo à barranca do Rio Paraná e às margens do Lago de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Nesse ponto, diz o estudo, o contrabandista paga cerca de R$ 100 ao dia por agente público para que fique indiferente à ilegalidade.

O segundo momento é quando o ente público faz um acordo com o contrabandista para o acompanhamento da carga até o limite da sua jurisdição. Isso evita que a carga seja apreendida nos postos de fiscalização e, para isso, o contrabandista paga entre R$ 1.000 e R$ 1.500, afirma o estudo.

Já o terceiro momento, diz o estudo, ocorre nos postos de fiscalização, caso o veículo utilizado para transportar a carga seja parado. Nesse caso, pode ocorrer ou não um acordo prévio, e o valor do repasse gira entre R$ 3.000 e R$ 10.000.

Por fim, o quarto momento ocorre quando o ente público forja a apreensão, afirma o estudo, tendo como objetivo proporcionar ao contrabandista a oportunidade de negociação para a liberação da carga. O valor pago de propina para a liberação da mercadoria nesse momento varia entre R$ 15 mil e R$ 50 mil, podendo chegar a 50% do valor da carga, que normalmente é pago com a própria mercadoria.

A Receita Federal e a Polícia Federal foram procuradas pela reportagem, mas não responderam até o momento.


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