Folha de S. Paulo


Caminhoneiros avançam e bloqueiam 40 pontos em rodovias no Sul do país

Os protestos dos caminhoneiros seguem na região Sul do país neste sábado (28). O Rio Grande do Sul é um dos mais afetados, com 15 cidades com bloqueios nas estradas federais até às 10h20 deste sábado, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), e outras 13 em rodovias estaduais.

Em Santa Catarina, ainda segundo a polícia, são 12 estradas federais interditadas, entre elas Xanxerê, São José do Cedro e Nova Erechim.

Nesses dois Estados, o bloqueio ocorre em pelo menos uma das pistas, prejudicando a passagem inclusive de carros de passeio. De acordo com a polícia, porém, não há congestionamento.

No Paraná, os caminhoneiros protestam em pelo menos uma cidade –Santa Teresinha de Itaipú–, mas, segundo a polícia, estão no acostamento, sem bloquear a passagem de outros veículos. Lá, para driblar a aplicação de multa, os caminhoneiros chegam a bloquear as pistas a pé, mas a polícia diz que não atrapalha o trânsito.

Para Paulo Eustasia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), a greve deve acabar hoje: "nunca conseguimos avanços tão significativos em um acordo entre caminhoneiros e o governo. Evoluímos bastante e ainda temos um canal de negociação aberto". Segundo Paulo, no próximo dia 10 de março, os sindicalistas têm mais uma reunião marcada com representantes do governo, dessa vez para estabelecer uma tabela mínima de frete.

Representante do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí (RS), Carlos Litti afirma, no entanto, que a greve no Estado só vai acabar quando o governo atender ao que eles entendem como a principal reivindicação, e que não entrou no acordo: a baixa do diesel.

Litti afirmou que esse foi o principal motivo para que sua entidade não assinasse o acordo com o governo. "Não temos previsão de acabar com a greve, mesmo com as multas", afirma. Litti foi a Brasília para reunião com representantes do governo na última quarta (25), mas deixou o encontro antes de seu término.

CARGAS ATRASADAS

Para Afrânio Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logísticas no Rio Grande do Sul, apesar da grande adesão dos caminhoneiros do Estado, é esperado um final de semana com afrouxamento nos protestos. "As empresas não têm mais onde colocar a carga, seus depósitos ficaram lotados. Os caminhoneiros vão trabalhar direto durante o fim de semana para liberar esse fluxo."

A explicação para o enfraquecimento do movimento é diferente na opinião de Paulo Estausia, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL). "As medidas judiciais estão surtindo efeito. A polícia chega nos locais e os caminhoneiros se veem obrigados a deixar o movimento. Como a multa é muito pesada, muitos deles acabam por sair até mesmo de forma espontânea", diz.

Kieling vê com bons olhos a movimentação de alguns líderes em direção a Brasília, para cobrar o governo. "O diálogo é o caminho para a solução. O que não pode ter são os bloqueios, isso atrapalha qualquer um", reclama.

O sindicalista vê a possibilidade de mudança dos caminhoneiros na forma de agir. "Eles perceberam que têm força. Que se precisar podem parar o caminhão em casa, não precisam atrapalhar as rodovias".

Os caminhoneiros pedem redução no preço do diesel e do pedágio, tabelamento dos fretes e a sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.


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