Folha de S. Paulo


Em um ano, taxa de desemprego sobe de 4,8% para 5,3%, aponta IBGE

Último indicador que ainda se mostrava positivo, o desemprego já mostra sinais de que voltará a assustar neste ano. A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país subiu em janeiro para 5,3%, acima do 4,3% em dezembro. Em janeiro de 2014, o percentual também havia sido menor: 4,8%. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (26).

É certo que nos primeiros meses do ano é comum a alta da taxa diante da dispensa de trabalhadores temporários e com a maior procura por emprego após as festas de final de ano. O resultado, porém, superou as previsões de economistas ouvidos pela agência Bloomberg, que esperavam uma taxa mediana de 5% no primeiro mês do segundo mandato da presidente Dilma, com projeções de 4,5% a 5,6%.

Taxa de desemprego segundo IBGE

Com a maior busca por trabalho e sem vagas para todos, a população desocupada (estimada em 1,3 milhão nas seis maiores metrópoles do país) aumentou 22,5% frente a dezembro (237 mil pessoas a mais) e 10,7% em relação a janeiro de 2014 (125 mil pessoas a mais).

Já o total de ocupados (23 milhões) caiu 0,9% em relação a dezembro (menos 220 mil pessoas) e ficou estável na comparação com janeiro de 2014.

Com esses movimentos, a população não economicamente ativa, que reúne os chamados inativos, foi estimada em 19,3 milhões, mantendo-se estável em relação a dezembro e com alta de 2,9% frente a janeiro de 2014 (mais 551 mil pessoas).

Para 2015, a retomada da procura por emprego, num cenário de menor crescimento da renda, do emprego e da economia, deve fazer com que a taxa se eleve ainda mais ao longo do ano, segundo analistas. Em 2014, a média foi estimada em 4,8% (a menor da série do IBGE, iniciada em 2003), contra 5,4% em 2013. Em relação a 2003 (12,4%), a redução chegou a 7,5 pontos percentuais.

"Está em pleno vapor o processo de esfriamento do mercado de trabalho", diz a Rosenberg & Associados. Para a consultoria, a "rigidez" da legislação trabalhista e o "intenso" processo de formalização dos últimos anos impediram demissões, que começam a se materializar com mais força agora.

Um sinal desse cenário pior é a menor participação dos trabalhadores no mercado de trabalho, medido pelo indicador chamado taxa de atividade, que relaciona as pessoas na força de trabalho (ocupadas ou à procura por trabalho) em em idade ativa (10 anos ou mais). Essa taxa passou de 56,5% em janeiro de 2014 para 55,8% em janeiro deste ano, o que mostra a menor inserção no mercado.

Outro indício de deterioração é o menor nível de ocupação, que caiu de 53,7% em janeiro do ano passado para 52,8%. O dado mostra que menos pessoas estão ocupadas em relação as que têm idade para trabalhar.

Ainda em tendência de pior está o processo de formalização, com a queda da geração de postos de trabalho com carteira assinada –de 2,1% frente a dezembro e de 1,9% na comparação com janeiro de 2014.

RENDIMENTO

O rendimento também já não mostra o dinamismo de antes, com alta de apenas 0,4% na comparação com dezembro. Em relação a janeiro de 2014, a expansão ficou em 1,7%. A renda média foi estimada, em janeiro, em R$ 2.133,09.


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