Folha de S. Paulo


Governo e caminhoneiros chegam a acordo para fim de paralisação

Após negociações que se estenderam por mais de dez horas, o governo e representantes de caminhoneiros anunciaram no fim desta quarta-feira (25) terem chegado a um acordo para tentar por fim ao bloqueio das estradas.

Para atender às demanda do movimento, o governo ofereceu um pacote de medidas, que incluiu a renegociação de dívidas do setor, e informou ter recebido da Petrobras a garantia de que os preços do diesel não subirão pelos próximos seis meses.

"Só vai ser cumprido o que nós combinamos a hora que forem liberadas as estradas", afirmou o ministro Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) ao final das negociações, acrescentando que a expectativa era que o desbloqueio ocorresse nesta quinta-feira (26).

O presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, que participou das negociações, afirmou que as entidades presentes à reunião eram favoráveis ao fim do movimento, mas que ele não poderia "garantir que a greve vai acabar". Os protestos já vinham causando desabastecimento de alimentos em algumas cidades do país e encarecendo produtos.

"O movimento foi levantado de forma autônoma, independente pelos caminhoneiros. Cabe a eles avaliar as conquistas e o esforço do governo para ver se compensa continuar o movimento."

As medidas oferecidas pelo governo, sob a chancela da presidente Dilma Rousseff, incluíram o compromisso de sanção integral da chamada Lei dos Caminhoneiros, que na prática reduz o valor do pedágio que pode ser cobrado dos caminhões e aumenta o número de horas extras que podem ser feitas pela categoria.

A segunda medida é a suspensão, por um ano, dos pagamentos de empréstimos feitos pelo BNDES para a aquisição de caminhões.

O governo anunciou, ainda, a criação, por empresas e caminhoneiros, de uma tabela referencial de fretes, o que pode levar a preços mínimos para o serviço. A quarta proposta é o estabelecimento de uma mesa permanente de negociações entre motoristas e empresas.

Coube ao ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) coordenar as discussões com caminhoneiros e empresários.

Representando os caminhoneiros, participaram da reunião os seguintes órgãos:

  • Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA);
  • Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) RMC; Sinditac SJC; Sinditac Goiás; Sinditac Goiânia e Região; Sinditac SJP-PR; Sinditac Ponta Grossa-PR
  • Sindicato Nacional dos Cegonheiros;
  • Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL-CUT), que representa trabalhadores de transportes rodoviário, marítimo, portuário, fluvial, ferroviário, metroviário, aéreo e sistema viário;
  • Sindicato das Empresas e Transportadores de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sindtanque-SP).

Dada a dimensão que tomou o movimento dos caminhoneiros, e com a economia sob risco de recessão, o governo considerou que não teve outro remédio senão agir para resolver o impasse.

Com a taxa de popularidade da presidente em recorde de baixa, assessores presidenciais alertaram para o fato de que, se o movimento não fosse contido, Dilma seria responsabilizada.

RIO GRANDE DO SUL

Além da CNTA, assinaram o acordo com o governo outras nove entidades.

O caminhoneiro Odi Antonio Vani, que coordena o movimento em Palmeira das Missões, no oeste do Rio Grande do Sul, diz que as promessas não foram suficientes. Segundo ele, não adianta postergar o pagamento dos empréstimos do financiamento do BNDES porque isso não resolve o problema.

"O que queremos é a redução dos custos do diesel e o aumento do valor do frete."

Colaborou NATUZA NERY, de Brasília

Julia Borba/Folhapress
Páginas de acordo assinado entre governo e caminhoneiros para pôr fim à paralisação da categoria
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