Folha de S. Paulo


Governo tentou demover Moody's do rebaixamento da Petrobras

Temendo um risco de contágio para a economia brasileira, o governo Dilma Rousseff tentou o quanto pôde demover a Moody's da decisão de rebaixar a nota da Petrobras.

Alertada há um mês da possibilidade de perder o selo de boa pagadora, a presidente da República escalou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tentar convencer a agência a recuar.

Ações da Petrobras

O último esforço foi feito na segunda-feira, quando a Moody's informou internamente que não poderia mais adiar a definição. Diante da situação delicada da Petrobras, a credibilidade do ministro com o mercado financeiro internacional não foi suficiente para evitar o revés, o primeiro de dimensão internacional desde que desembarcou na administração petista como fiador da nova política econômica de Dilma.

Nos contatos que antecederam a divulgação nesta terça, o titular da equipe econômica tentou assegurar a Moody's de que uma empresa do porte da Petrobras, tendo o cofre da União como lastro, jamais daria calote nos credores.

Segundo a Folha apurou, há receio no governo de que o Brasil siga o rastro da Petrobras e perca o carimbo de bom lugar para investir, o que levaria o país a mergulhar ainda mais fundo no já cogitado cenário de recessão.

A economia brasileira é bastante dependente da petroleira –nas contas do governo, a cadeia de produção vinculada à companhia supera os 10% do PIB.

Portanto, dificuldades na estatal têm impacto direto na saúde financeira e no ritmo de atividade do país. Assim, a preocupação maior recai sobre a economia nacional.

Para o governo, o rebaixamento da Petrobras não seguiu critérios objetivos. Na visão de auxiliares presidenciais, a situação de caixa da empresa é relativamente "tranquila" e a produção se mantém constante, com viés de alta.

Ainda assim, a expectativa, agora, é que outras agências acompanhem o movimento da Moody's.

Ao justificar sua decisão, a agência de risco cita as investigações e o atraso na divulgação do balanço auditado.

Integrantes do governo ponderam que cortar o grau de investimento com base no balanço foi uma medida drástica, pois a empresa tem até o fim de junho para apresentá-lo.


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