Folha de S. Paulo


Sem pagamento, estaleiro rompe contrato com a Sete Brasil

A Sete Brasil, empresa formada por sócios privados e pela Petrobras e que administra o aluguel de sondas para o pré-sal, confirmou neste domingo (22) que o estaleiro Atlântico Sul "enviou carta comunicando intenção de cancelamento de contrato" entre as duas empresas, devido à falta de pagamento.

A notícia do cancelamento foi publicada no site da revista "Veja" no sábado (21).

Em nota enviada à Folha, a Sete Brasil afirma que "não há suporte legal" para a ação do estaleiro e que seu departamento jurídico "já está estudando as medidas a serem adotadas". A reportagem não conseguiu contato com o estaleiro. A Petrobras não se manifestou até a conclusão desta edição.

Alexandre Gentil/Divulgação
Casco da primeira sonda de perfuração da Sete Brasil, chega de Cingapura ao estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis (RJ)
Casco da primeira sonda de perfuração da Sete Brasil, chega de Cingapura ao estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis (RJ)

Criada em 2010 a partir da decisão do governo de usar o pré-sal para estimular a indústria naval, a Sete Brasil iria fornecer 29 sondas de perfuração para a Petrobras, num projeto de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 67 bilhões).

O Atlântico Sul, que tem como sócios as empreiteiras Queiroz Galvão e Camargo Correia, tinha contrato para fornecer as primeiras sete sondas do pré-sal.

Em dificuldades financeiras, a Sete atrasou os pagamentos aos estaleiros, que começaram a dispensar funcionários. Segundo a "Veja", a dívida com o Atlântico Sul é de US$ 125 milhões.

Com gastos de US$ 300 milhões por mês, a Sete depende do financiamento do BNDES, que vem solicitando garantias adicionais para liberar o dinheiro.

"Cabe destacar que a Sete Brasil só está na situação atual de ainda não ter assinado o contrato de financiamento de longo prazo com o BNDES (aprovado em 2013) em decorrência do que foi apontado pela Operação Lava Jato", afirmou a empresa.

Boa parte dos estaleiros que trabalham para a Sete pertence às construtoras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.

No mês passado, preocupada com as dificuldades da Sete Brasil, maior fornecedora de sondas para a Petrobras no pré-sal, a presidente Dilma Rousseff teve reunião com os presidentes do BNDES e do Banco do Brasil no Palácio do Planalto para tentar destravar empréstimos destinados a socorrer a empresa.

O BB não quer liberar o empréstimo de emergência sem que os contratos de longo prazo com o BNDES estejam assinados, para reduzir seu risco. O BNDES, por sua vez, vem exigindo novas garantias a cada reunião.

O banco de fomento quer que a Petrobras e os estaleiros garantam que não houve ato ilícito na licitação.

RAIO-X SETE BRASIL

FUNDAÇÃO
Dezembro de 2010

ATIVOS
29 sondas de exploração de óleo e gás (em construção)

RECEITA PREVISTA
US$ 89 bilhões até 2020 (cerca de R$ 249 bi)

INVESTIMENTOS
US$ 25,5 bilhões (cerca de R$ 71 bi)

PRINCIPAIS SÓCIOS
BTG Pactual, Santander, Bradesco, fundos de pensão, FGTS, Petrobras

ESTALEIROS CONSTRUTORES
Atlântico Sul (PE), Enseada (BA), Jurong (ES), Brasfels (RJ), Rio Grande (RS)

FINANCIAMENTO
US$ 9,3 bi (R$ 26 bi), BNDES


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