Folha de S. Paulo


Feira tecnológica premia aplicativos simples e 'emotivos'

A inovação tecnológica caminha no sentido da empatia e da emoção, materializa-se com frequência em dispositivos minimalistas, baratos, e oferece ao usuário "bolhas" de proteção diante de incógnitas e ameaças do entorno.

Eis a trinca de tendências apresentada na oitava edição do fórum Netexplo, um dos principais encontros mundiais de criação digital, em Paris, nos dias 5 e 6 de fevereiro.

O evento é organizado pelo observatório homônimo, que mantém uma rede de "olheiros" nos cinco continentes (um deles é o professor da ESPM Marcelo Pimenta) para garimpar protótipos que anunciem novas práticas ligadas à tecnologia.

Dez iniciativas são premiadas durante o fórum –neste ano, os colaboradores radiografaram mais de 1.200 projetos, e um traço que emerge do conjunto é o "crowdfunding" (a "vaquinha" on-line).

"Identificamos uma aposta na ideia da cidade inteligente, da experiência urbana personalizada, em que o espaço deixa de ser puramente racional e impessoal, ganha sentido", disse o professor da Escola de Altos Estudos Comerciais de Paris (HEC) Julien Lévy, na abertura do evento.

Ele citou como exemplo o aplicativo chileno em que ciclistas compartilham itinerários e dificuldades em completá-los, ajudando a pautar a gestão do tráfego. A ideia foi premiada neste ano.

"A tecnologia também tem servido a uma exploração mais segura dos ambientes. É uma espécie de 'bolha', fornecendo dados em tempo real que nos ajudam a tomar decisões", acrescentou Lévy.

A esse grupo se filiam outros dois laureados: os "hashis" (palitinhos orientais) que acusam elementos tóxicos na comida e o microscanner (do tamanho de um pen drive) que envia a um aplicativo o DNA de medicamentos, bebidas e comidas rastreado por raios infravermelhos.

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Outro movimento aferido pelos especialistas do Netexplo é a simplificação dos dispositivos, muitas vezes construídos com material de segunda mão. A esse alinhamento com o desenvolvimento sustentável Lévy dá o nome de "inovação frugal".

Aqui entram a impressora 3D feita com sucata eletrônica no Togo e o mecanismo americano de alerta para desmatamento ilegal que reutiliza celulares e placas fotovoltaicas. Também chama a atenção o "microesparadrapo" sul-coreano que converte o calor do corpo em energia para recarregar relógios de pulso, agraciado com o Grande Prêmio em Paris.

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Lévy destacou ainda projetos que privilegiam a emoção, como o software de Bangladesh que aponta o ânimo do usuário a partir do modo como ele digita e o aparelho que mede a temperatura e a frequência cardíaca das mães de prematuros e "reproduz" a sensação do colo para os bebês em incubadoras.


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