Folha de S. Paulo


Bilionários preferem trabalhar, diz autor de livro com estratégias

Se você sonha em ser bilionário para largar o emprego e viver em uma praia paradisíaca, você nunca chegará lá.

Para Ricardo Geromel, 28, se tornar um bilionário não depende de nascer em berço de ouro ou da melhor faculdade. Mas é preciso empreender e não querer outra coisa senão trabalhar.

O brasileiro que mora na Flórida (EUA) é um dos responsáveis por descobrir qual o patrimônio dos participantes desse seleto grupo para a revista americana "Forbes", que publica um ranking de fortunas anualmente.

A pesquisa sobre o universo de 1645 bilionários o levou a identificar semelhanças em seus modos de agir, que ele reuniu no livro "Bilionários", lançado neste ano.

Leia trechos da entrevista de Geromel à Folha.

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Folha - O que nos bilionários desperta atenção?

Ricardo Geromel - O que vejo de bonito e admirável nos bilionários é que o que os motiva não é a chegada, mas o caminho.

Mas é curioso como eles são vistos de maneiras diferentes em cada país. Nos EUA, o cara que se deu muito bem na vida financeiramente é quase uma celebridade. Mas, no Brasil, o acúmulo de capital é visto pelos brasileiros com maus olhos. É como se eles tivessem feito algo errado para conseguir chegar lá.

O que mantém bilionários trabalhando?

Se você acha que vai virar bilionário e viver com os pés para cima, esquece. Dos bilionários, 90% trabalham 40 horas por semana ou mais.

Eles gostam mais de ganhar do que de gastar e são empregadores, não empregados.

A maioria, 66%, são empreendedores, 13% são o que chamo de "espermas sortudos", que nasceram na família certa e 21% herdaram alguma coisa e aumentaram a sua fortuna.

A maioria deles tinha como objetivo chegar ao bilhão?

Acho que não necessariamente. A pessoa que é motivada apenas pelo dinheiro consegue fazer um cálculo básico de que, se tiver uma riqueza de US$ 500 milhões de dólares, terá o suficiente para torrar US$ 50 mil ao dia durante 30 anos, sem precisar ganhar mais nada. Muitos chegam lá, fazem essa matemática e param de trabalhar.

Acredita ser genuína a relação entre bilionários e filantropia?

Quando mergulhei de cabeça no mundo dos bilionários, vi que sim. Filantropia para eles não é só caridade, funciona como um investimento do qual se quer um retorno, seja em avanço científico, seja em educação ou em mais público para as artes.

Onde mais eles contradizem o senso comum?

A maioria dos bilionários falhou muitas vezes e aprendeu com isso.

A escritora JK Rowling, que ficou bilionária com o Harry Potter, conta ter falhado muito no passado e que isso deu-lhe forças para continuar insistindo com o livro, que foi rejeitado por cem editoras. O problema não é falhar, mas não tentar.

Falhar também não leva muitos a uma vida de dívidas?

A pessoa tem que fazer novos erros. Se comete sempre os mesmos, tem algo errado.

Mas se ela segue os outros mandamentos, se gosta mais de ganhar do que de gastar, vai fazer novos erros e, ao aprender com eles, está no caminho certo.

Quais as tendências para futuras listas de bilionários?

Acredito em um crescimento exponencial de bilionários na África e de bilionárias. Hoje são 162 mulheres, pouco mais de 10%. E temos só sete bilionários que assumiram ser gays. Sei que esse número está errado, mas infelizmente as pessoas não estão confortáveis em se assumir.

Editoria de Arte/Folhapress
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