Folha de S. Paulo


Levy traça cenário em que é preciso aumentar produtividade, diz varejista

Este é um ano de ajustes, em que será preciso fazer mais com menos. Esse foi o recado dado pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) a gigantes do varejo, durante reunião a portas fechadas na tarde desta quinta-feira (12), de acordo com empresários.

Segundo Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Levy traçou um cenário em que será preciso aumentar a produtividade para que a economia se recupere e pediu apoio das empresas do setor para este momento de ajustes.

"O setor varejista brasileiro é um dos maiores do mundo. É o que mais emprega e com certeza pode ajudar muito a criar um ambiente melhor para ajudar a trazer mais investimentos e a retomada do crescimento da nossa economia", disse Levy aos empresários, segundo nota divulgada pelo ministério.

Os varejistas se comprometeram a incentivar seus clientes a poupar água e energia, depois de o ministro afirmar que, se cada casa diminuir em 2% o consumo, "vai ajudar muito", segundo o relato de Trajano. "Mas o ministro não recomendou nada", disse a executiva.

"A gente sabe que tem uma linha direta com consumidor e que podemos ajudar com economia de energia", afirmou Trajano, que é presidente do IDV (Instituto Para Desenvolvimento do Varejo).

BUROCRACIA

Os varejistas mostraram apoio ao pacote de medidas para cortar gastos e elevar as receitas do governo, mas reclamaram da burocracia no país, que suga até 3% do faturamento das empresas.

"Há pouco espaço de manobra para grandes generosidades, mas tem a questão do ambiente de negócios, que tem impacto na competitividade", disse Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, citando excesso de burocracia e a complexidade da legislação tributária como entraves.

"Saímos mais confiantes da reunião. A gente viu que eles estão trabalhando firme, trabalhando para fazer um Brasil melhor. Estão pedindo a colaboração e estão abertos para o que pode ser baixado, que é excesso de burocracia", disse Trajano.

Um dos pedidos do setor no sentido de reduzir burocracia e custos é a redução do tempo para abertura de uma grande empresa no país, que hoje é de 102 dias.

PESSIMISMO

Outro assunto tratado foi o clima de pessimismo e a falta de confiança que prejudica a economia. Trajano afirmou que o índice de confiança do consumidor tem que crescer para que não haja demissões.

"A gente concorda que precisa se comunicar mais claramente, tanto governo como nós. A gente sabe que essa onda de pessimismo só vai sair à medida que as coisas começarem a acontecer", disse Trajano.

Estavam presentes na reunião 22 representantes de grandes empresas como Avon, Walmart, Novo Mundo, Carrefour, Livraria Cultura, Lojas Americanas, Drogarias Raia e Drogasil.


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