Folha de S. Paulo


Taxa de desemprego do país recua para 6,8% em 2014

A taxa de desemprego média de todo o país fechou 2014 em 6,8%, pouco abaixo dos 7,1% de 2013, apontou na manhã desta terça-feira (10) a Pnad Contínua, pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de abrangência nacional.

No quarto trimestre, a taxa ficou em 6,5%, menor do que os 6,8% do terceiro trimestre. Pelos dados do IBGE, foi registrado aumento de 605 mil no número de pessoas ocupadas do terceiro para o quarto trimestre, o que representa alta de 0,7%.

Em todo o país, 91,9 milhões de pessoas estavam empregadas ao fim de 2014. A taxa de desocupação subiu, no entanto, frente aos três últimos meses de 2013, quando o percentual havia sido de 6,2%.

Já o contingente de desocupados ficou em 6,1 milhões, com queda de 3,8% frente ao terceiro trimestre. A taxa de desocupação subiu, no entanto, frente aos três últimos meses de 2013, quando o percentual havia sido de 6,2%.

Desemprego

A tendência de todo o ano passado, confirmada com os dados dos últimos meses do ano, foi de redução da taxa de desemprego diante da menor procura por trabalho num cenário de economia enfraquecida, no qual mulheres e jovens costumam aguardar melhores oportunidades para buscar um emprego.

Esse movimento inflou o total de inativos, que subiu 0,6% do terceiro para o quarto trimestre -um acréscimo de 352 mil pessoas. Frente aos quatro últimos meses de 2013, a alta foi ainda maior: 2,2%.

Para Cimar Azeredo Pereira, coordenador de Emprego e Rendimento do IBGE, o crescimento do número de vagas foi insuficiente para absorver todos os que procuravam trabalho –o número de desocupados subiu 6,6% na comparação com o quarto trimestre de 2013– ou aqueles que deixaram de buscar um a colocação e migraram para a inatividade.

Ou seja, foram criados postos em uma velocidade inferior ao crescimento da inatividade e do aumento vegetativo da população com idade para trabalhar (15 anos ou mais) –alta de 1,7%, contra 1,1% da ocupação. "Um mercado de trabalho vigoroso é aquele em que o emprego cresce mais do que a população em idade ativa [de mais de 15 anos]", disse.

Um sinal de menor inserção das pessoas no mercado de trabalho é a queda da chamada taxa de participação, indicador que relaciona o total de ocupados sobre o contingente de pessoas em idade ativa.

Numa economia saudável e com crescimento robusto do emprego, é esperado o aumento dessa taxa. Não foi o que aconteceu em 2014, quando o percentual declinou para 60,9% no quarto trimestre de 2014 –havia sido de 61,1% em igual período de 2013. Trata-se da menor marca da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

A Pnad Contínua é mais abrangente pesquisa de emprego do IBGE. Enquanto a PME (Pequisa Mensal de Emprego) investiga as seis principais regiões metropolitanas, a amostra da Pnad Contínua coleta dados em todo o país.

A Pnad irá substituir a atual PME, que só deve ir a campo até dezembro. O levantamento está, porém, ainda incompleto do ponto de visto de indicadores a serem divulgados: somente ao longo deste primeiro semestre é que serão apresentados dados de rendimento e por setores.

Os dados mostram que a taxa de desemprego em nível nacional se situa sempre acima dos das metrópoles, cuja economia é mais dinâmica e mais baseada no setor de serviços -que sustentou o emprego e o PIB nos últimos anos. Pela PME, a taxa de desemprego ficou em 4,8% na média de 2014.

REGIÕES

As taxas de desemprego variam de acordo com as regiões. As mais altas foram registradas, em 2014, no Nordeste (8,8%) e Norte (7,1%). Já Sudeste, Sul e Centro-Oeste mostraram patamares menores -6,8%, 4,1% e 5,5%, nessa ordem.

De 2013 para 2014, a taxa de desocupação mostrou-se um pouco menor em todas as regiões. Mais industrializados, Sul e Sudeste tiveram recuos menos intensos –de apenas 0,1 ponto percentual e de 0,2 ponto, respectivamente.

DESEMPREGO E INATIVIDADE SOBEM ENTRE JOVENS

Os dados da pesquisa mostram que o desemprego entre os mais jovens é um gargalo persistente no país. As únicas faixas etárias nas quais a taxa de desocupação aumentou, ainda que de modo discreto, de 2013 para 2014 foi entre 18 a 24 anos e de mais de 60 anos. Os percentuais subiram de 15% para 15,1% e de 1,8% para 2%, respectivamente.

Dentre os jovens, dois são os motivos: uma parcela desse grupo está mais tempo na escola ou na universidade; já outro contingente é excluído do mercado de trabalho em tempos de baixa oferta de emprego por terem pouca experiência, segundo especialistas.

Os dados mostram que esses jovens deixaram de procurar trabalho e migraram para a inatividade. A faixa etária de 18 a 24 anos passou a ter uma participação maior no total do grupo de pessoas fora da força de trabalho –de 31,4% para 32,1% entre 2013 e 2014.


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