Folha de S. Paulo


Sucesso de Bendine na Petrobras depende de equipe, dizem especialistas

Para reverter a decepção do mercado, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, terá que dedicar especial empenho na escolha da sua equipe. Bendine levou do Banco do Brasil o vice-presidente financeiro Ivan Monteiro, até então interlocutor do banco com os investidores.

Além do descontentamento do mercado, Bendine enfrenta a resistência do corpo técnico de engenheiros por não ser do setor de óleo e gás.

"O desafio maior do novo presidente está na montagem da equipe. Se ele tiver habilidade na escolha dos nomes, talvez consiga reverter essa imagem negativa do mercado", diz Leni Hidalgo, professora de gestão do Insper.

Com experiência de 35 anos no mercado, a professora considera que o processo de consolidação de uma nova presidência numa empresa, de um modo geral, leva entre três e cinco anos.

O primeiro ano costuma ser de turbulência; no segundo, começam a aparecer os verdadeiros problemas; e só no terceiro ano tem uma consolidação de performance.

E isso considerando o melhor dos cenários. "No caso da Petrobras, não é só a performance da companhia, mas também o contexto político."

Adriano Gomes, professor do curso de administração da ESPM e sócio-diretor da Méthode Consultoria, lembra que a Petrobras vive um momento atípico: a saída da presidente levou ao aumento no valor das ações, e a entrada do novo chefe, à queda.

"É uma negação profunda do mercado ao antigo modelo de gestão, que mostra que o presidente da empresa não tem o manche na mão."

Não bastassem os problemas de gestão e escândalos de corrupção, destaca o professor, a companhia tem que lidar ainda com o preço do petróleo em queda no mercado internacional.

"Para melhorar o seu desempenho, a Petrobras precisa da combinação de dois fatores: alta do preço do petróleo e boa gestão, calcada na confiança do mercado."

Sem o apoio do mercado, o novo presidente da estatal terá que resgatar a confiança interna da companhia.

Para especialistas, o primeiro desafio de Bendine é reverter o quadro de desconfiança gerado em nome do novo gestor.

"Quando um novo presidente já chega sendo visto de forma negativa, ele vai precisar de um bom plano de trabalho para reverter isso", destaca Wagner Brunini, diretor de planejamento da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos).

Reverter essa imagem, diz ele, é fundamental para evitar consequências que atinjam o resultado da companhia ou que levem à fuga de talentos. "Quando o novo líder é inspirador e admirado, ele conta com o engajamento dos trabalhadores", disse Adriana Cabiaghi, diretora associada da Robert Half.


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