Folha de S. Paulo


Produção recua 14% em janeiro e montadoras fecham 12,8 mil vagas

Após o término do período de férias coletivas em várias montadoras, a produção de veículos teve uma pequena recuperação em janeiro na comparação a dezembro de 2014.

Porém, as vendas de autos no mercado interno e a redução nos postos de trabalho mostram que o ano poderá ser mais difícil para o setor do que o esperado.

Dados divulgados nesta quinta (5) pela Anfavea (associação nacional das montadoras) mostram crescimento de 0,4% na produção e queda de 31,4% nos licenciamentos de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões em relação a dezembro.

Contudo, a comparação entre janeiro deste ano e o mesmo mês de 2014 mostram redução de 18,8% nos emplacamentos e de 13,7% na produção.

O nível de empregos teve queda de 0,3% em relação a dezembro, e fechou janeiro com 144.104 contratados. Na comparação com janeiro de 2014, a redução de vagas chega a 8,1%. Segundo dados da Anfavea, 12.774 postos de trabalho foram cortados.

A GM e a Renault estão com planos de demissão voluntária abertos, o que deve causar um impacto ainda maior em fevereiro.

Há expectativa com retomada de empregos no próximo semestre, pois novas montadoras iniciarão este ano o processo de contratações –a Mercedes, por exemplo, faz nesta quinta (5) a cerimônia de pedra fundamental em Iracemápolis (interior de São Paulo).

ESTOQUES

O crescimento nas vendas em dezembro ajudou a reduzir os estoques de 41 para 38 dias, o que é ainda um número bastante elevado. Com o carnaval e o menor número de dias úteis em fevereiro, é provável que as fabricantes continuem a fazer promoções até meados de abril.

"O crédito vinha retornando lentamente, mas, no mês de janeiro, as medidas de ajuste na política fiscal impactaram nas vendas. Mas apoiamos e entendemos essas ações como necessárias, já esperávamos que os numeros apresentados no primeiro trimestre serão bastante negativos", afirma Luiz Moan, presidente da Anfavea.

Para o executivo, o resultado das medidas atuais deverá ajudar o mercado automotivo a crescer no segundo semestre, com aumento da confiança do investidor e dos consumidores.

A Anfavea espera um crescimento de 4,1% na produção de veículos impulsionada por novas fábricas, a falta de confiança do consumidor pode puxar esse percentual para baixo.

PESADOS

No setor de caminhões, que é o mais dependente do crescimento do PIB, a queda de licenciamentos no último mês ficou em 44% em relação a dezembro e 28,8% na comparação com janeiro de 2014.

O setor de veículos pesados tem a expectativa de que uma nova alternativa de financiamento a taxas fixas anunciada pelo BNDES, com taxas abaixo da Selic, possam estimular as vendas no segmento.

EXPORTAÇÕES

A queda nas exportações foi novamente elevada: redução de 27,9% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2014.

"Nosso grande mercado continua sendo a Argentina. Mas as vendas naquele país caíram cerca de 39% em janeiro de 2015 em comparação com o mesmo mês do ano passado. Isso tem afetado as exportações", explica Moan.


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