Folha de S. Paulo


Bolsa tem instabilidade, com foco em Petrobras e exterior; dólar cai

A Bolsa brasileira apresenta instabilidade nesta quinta-feira (5), buscando força para embalar a quarta alta seguida. No entanto, investidores embolsando lucro no exterior e um novo dia de oscilação dos papéis da Petrobras pressionam o mercado acionário local.

Às 10h45, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 0,31%, para 49.145 pontos. Das 68 ações negociadas no índice, 39 subiam, 21 caíam e oito operavam estáveis no horário.

As ações da Petrobras oscilam nesta quarta-feira, com forte atuação de compra e venda ao longo do pregão, assim como ocorreu na sessão anterior. Os investidores aproveitam para embolsar lucros enquanto aguardam uma definição da nova composição da diretoria e presidência da estatal, que deve ser anunciada nesta sexta-feira.

"Existe o risco de surgir um nome mais alinhado ao governo do que propriamente com o mercado, o que enxergamos como negativo e o mercado não deve dar o benefício da dúvida", afirma a XP Investimentos em relatório.

No documento, a corretora ressalta a dificuldade em encontrar um nome "que aceite esse desafio para comandar uma empresa sem balanço auditado, sem saber o tamanho do rombo e que tenha carta branca para pode dar um choque de gestão."

Também em relatório, Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, diz que a mudança de comando na estatal era para ser uma "passagem de bastão" mais tranquila, "de modo que o governo pudesse escolher um nome de peso e trabalhar no processo de convencimento desse executivo".

"Agora o tempo é escasso. A empresa tem que divulgar o balanço auditado o quanto antes e para isso é necessário contabilizar as baixas dos ativos relacionados aos esquemas de corrupção descobertos na Operação Lava Jato. Naturalmente não dá para realizar uma tarefa dessas sem uma diretoria empossada", ressalta.

Às 10h46, os papéis preferenciais da petrolífera, os mais negociados, tinham queda de 0,69%, para R$ 9,95. As ações ordinárias, com direito a voto, caíam 0,40%, para R$ 9,86, no mesmo horário.

Na Europa, a Comissão Europeia revisou para cima as projeções para o crescimento da zona do euro neste ano e em 2016. O braço executivo da União Europeia elevou suas projeções para o crescimento do PIB nos 19 países que compartilham o euro para 1,3% neste ano, ante estimativa de 1,1% em novembro, e para 1,9% em 2016, sobre a expansão de 1,7% calculada antes.

CÂMBIO

No mercado cambial, o dólar opera em baixa em relação ao real, após renovar a máxima desde 2005 no pregão anterior. Às 10h47, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,24%, para R$ 2,740. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caía 0,10%, para R$ 2,739, no mesmo horário.

Na quarta-feira, dados de emprego nos Estados Unidos aumentaram a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) eleve as taxas de juros no país até junho.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, predomina nesta quinta um contexto de menor aversão ao risco, "beneficiando um ajuste de realização do dólar doméstico ( mas, moderado e pontual) e alta dos preços das commodities."

A crise na Grécia, porém, pode pressionar o dólar em alta nesta quinta-feira, avaliam analistas. O BCE (Banco Central Europeu) deixou de aceitar, na noite passada, títulos gregos em troca de recursos, transferindo para o banco central grego o ônus de financiar os bancos e isolando a Grécia.

A decisão do BCE marca ainda mais um revés para a tentativa do governo de negociar novo acordo sobre a dívida com colegas da zona do euro.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu 2.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), dando seguimento a sua série de atuações diárias no mercado cambial. Foram vendidos 1.000 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.000 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,1 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 25% do lote total.


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