Folha de S. Paulo


Agência Fitch rebaixa Petrobras para último nível do grau de investimento

A agência Fitch de classificação de risco rebaixou a avaliação da Petrobras citando a "crescente e prolongada incerteza" em relação à habilidade de a empresa estimar as perdas decorrentes de corrupção.

O corte, segundo a agência, afeta diretamente cerca de US$ 50 bilhões em dívida emitida pela empresa. Foram rebaixados de BBB para BBB-, o último nível considerado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador para sua dívida (veja escala de notas abaixo). Outra agência, a Moody´s, já havia reduzido todas as notas de risco da estatal para nível semelhante no fim de janeiro.

A agência colocou ainda em perspectiva negativa as notas da Petrobras, indicando que poderá ocorrer um novo rebaixamento. Se isso acontecer, a empresa perderá o grau de investimento, o que pode implicar forte venda de títulos e ações da Petrobras.

"A falta de clareza prolonga as incertezas que cercam em relação à habilidade da companhia de fazer os ajustes necessários para atender as cláusulas de contratos que pedem que a empresa divulgue um balanço auditado no máximo após 120 dias da data limite", afirmou em nota.

Segundo a agência, a decisão de atrasar o chamado "impairment", a reavaliação de ativos devido a perdas com corrupção, "evidencia a dificuldade da estimar a magnitude da corrupção em pagamentos superfaturados e o valor justo dos ativos fixos".

AGÊNCIA MOODY´S

Em 29 de janeiro, outra agência de classificação de risco Moody's rebaixou todas as notas de crédito da Petrobras, citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possíveis impactos do atraso da divulgação do balanço auditado na saúde financeira da companhia.

Com as notas nesse nível, a Petrobras manteve o chamado grau de investimento (chancela de empresa segura para se investir), mas ficou a um passo de perdê-lo também pela escala da Moody´s.

"Atrasos na publicação de resultados financeiros trazem o risco de que os credores tomem ações que possam, eventualmente, levar ao aceleramento dos resgates", disse a agência em comunicado oficial.

As avaliações passaram de Baa2 para Baa3 e, segundo a Moody's, permanecem em revisão para mais um rebaixamento.

No final de dezembro, a agência Moody's colocou a nota de crédito Baa2 da Petrobras em revisão para possível rebaixamento. Esse é o passo anterior a um corte, o que significa que a agência vai analisar informações sobre a estatal que podem embasar uma redução. Com a mudança, a petroleira passaria a ter nota Baa3 e ficaria a apenas um passo de perder o grau de investimento.

No início do mês, a Moody´s já havia reduzido a nota individual da Petrobras (que considera a empresa de forma independente de seu controlador, a União), assim como a da Eletrobras. Nos dois casos, as notas de classificação mais importante foram preservadas.

E no último dia 17, outra agência de classificação de risco, a S&P (Standard and Poor´s) rebaixou o perfil de crédito individual da Petrobras de BBB- para BB. A mudança significou que, considerada de forma independente de seu controlador, a estatal passou a ter uma nota correspondente ao chamado grau especulativo.

O grau especulativo indica que a empresa tem um risco considerável de calote de sua dívida. A S&P reafirmou, no entanto, a nota de crédito corporativo da petroleira em BBB-, o mais baixo patamar do grau de investimento, devido à grande probabilidade de "ajuda extraordinária pelo governo", em caso de dificuldade financeira.

Editoria de Arte/Folhapress

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