Folha de S. Paulo


Petrobras vai divulgar balanço sem baixas por corrupção, diz jornal

A Petrobras decidiu divulgar o balanço com os resultados do terceiro trimestre sem as baixas contábeis referentes a desvios por corrupção e por perda de valor recuperável de alguns de seus ativos, informa reportagem do site do jornal "Valor".

O conselho de direção da estatal se reuniu hoje por quase 12 horas e concluiu que ainda não é possível identificar, entre os investimentos, o que é desvio, corrupção, erros de projeto, efeito de chuvas, variação cambial ou preços mais elevados em razão das regras de conteúdo local, relata o jornal.

Havia no mercado a expectativa de que a Petrobras divulgasse o balanço nesta terça-feira, mais de dois meses após o prazo. O documento seriaapresentado ao conselho de administração e, se aprovado, divulgado, mas sem parecer de auditores independentes, como requer a lei.

O balanço auditado deveria ter sido apresentado até 14 de novembro de 2014, mas não recebeu o aval da empresa de auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) –a legislação do mercado de capitais exige essa auditoria.

Depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar, fez a PwC se recusar a assinar o documento até que o efeito da corrupção nos negócios da estatal fosse conhecido e eliminado.

Com isso, a Petrobras se viu obrigada a reavaliar os ativos construídos pelas empreiteiras denunciadas por Costa e, desde dezembro, impedidas de fechar contratos com a estatal.

A conta será feita tomando como base o depoimento de Costa, que citou propina de 3% sobre o valor dos contratos, e a capacidade de os ativos darem lucro.

O balanço a ser apresentado não atenderá à lei, mas servirá para mostrar a situação financeira da companhia. Evita, ainda, o vencimento antecipado de dívidas por credores que exigem balanços, mesmo que não auditados.

A Petrobras precisa apresentar esse balanço auditado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) até 14 de novembro de 2015, ou terá seu registro de companhia aberta suspenso.

Já a lei americana exige que o documento auditado com as demonstrações de 2014 seja apresentado até o final de abril. Caso contrário, as ações da estatal deixarão de ser negociadas na Bolsa de Nova York.


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