Folha de S. Paulo


Índia surpreende mercados com corte de juros

O Reserve Bank of India, banco central indiano, surpreendeu os mercados ao cortar as taxas de juros em uma reunião extraordinária de seu comitê de política monetária, e se tornou o mais recente banco central asiático a responder à queda da inflação causada pelos preços mais baixos do petróleo.

O banco central indiano deveria realizar sua próxima reunião em 3 de fevereiro, mas Raghuram Rajan, seu presidente, disse que a queda da inflação deu luz verde para agir com antecedência e cortar os juros já.

A mudança na política de um dirigente de banco central que formou sua reputação como inimigo da inflação viu corte de 25 pontos básicos (0,25%) na taxa de reposição (repo rate), para 7,75%, e corte da mesma ordem na taxa reverse repo, para 6,75%.

Moacyr Lopes Junior.07.05.2012/Folhapress
Presidente do Bank Central Of India decidiu não esperar reunião para ordenar corte dos juros
Presidente do Bank Central Of India decidiu não esperar reunião para ordenar corte dos juros

Daniel Martin, economista sênior da Capital Economics o mercado asiático, descreveu a decisão como "o início de um ciclo de relaxamento". Ele espera mais 0,75% de corte na repo rate e na repo reverse rate nos próximos 12 meses ou pouco mais, o que as reduziria respectivamente a 7% e6%.

O banco central indiano tem meta de inflação ao consumidor de menos de 8% anuais, para este mês. Os dados mais recentes, divulgados na semana passada, mostram que o índice de preços ao consumidor subiu apenas 5% no mais recente período; em novembro, a inflação do atacado caiu a zero, e se manteve ultrabaixa no mês passado.

"Esses desdobramentos ofereceram espaço para uma mudança na postura de política monetária", declarou Rajan.

"As expectativas domiciliares de inflação se adaptaram a isso e, tanto no curto quanto no longo prazo, a expectativa inflacionária se moderou para a casa de um dígito pela primeira vez desde setembro de 2009", ele acrescentou.

Rajan também disse que o índice de preços ao consumidor ficaria abaixo de 6% anuais até janeiro de 2016.

Martin disse que a pressão de preços deve se manter contida por conta da queda violenta nos preços mundiais do petróleo.

"Existem poucos sinais de uma recuperação nas pressões básicas de preços, além disso. A economia, enquanto isso, poderia certamente aproveitar o apoio, já que o setor industrial claramente está enfrentando dificuldades para ganhar ímpeto", ele disse.

Em 2 de dezembro, Rajan havia dado a entender claramente que, se as pressões inflacionárias continuassem contidas, não hesitaria em agir, "inclusive fora do ciclo de revisão de política monetária". No entanto, mesmo aqueles que bradavam por um corte de juros - o que inclui os gigantes empresariais da Índia - não antecipavam que o corte viesse antes da próxima reunião do comitê.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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