Folha de S. Paulo


Acionistas minoritários brasileiros decidem ir à Justiça contra Petrobras

Um grupo de acionistas minoritários brasileiros da Petrobras deverá entrar na Justiça nos próximos dias com um processo pedindo indenização financeira para reparar perdas acumuladas com a queda do preço das ações da companhia após o escândalo da Operação Lava Jato.

Nos EUA, um grupo de acionistas anunciou em dezembro passado a abertura de um processo semelhante contra a empresa estatal.

A ação será movida pelo advogado de Porto Alegre Francisco Antônio Stockinger, que representa "cinco ou seis" acionistas, contra a União e a Petrobras.

Conforme o advogado, seus clientes pagaram, em 2008, cerca de R$ 48,00 por ação. O mesmo papel foi cotado nesta segunda-feira (12) a R$ 8,91 –queda de 85%.

Segundo ele, a perda do Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) no mesmo período foi de cerca de 25%.

Editoria de arte/Folhapress

O advogado pediu ao juiz federal de Curitiba (PR) Sergio Moro cópia das declarações prestadas na Lava Jato pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

O advogado quer demonstrar, com os depoimentos, que a escolha dos diretores da estatal "estava vinculada a partidos políticos como contrapartida ao apoio político no Congresso Nacional".

Nos depoimentos, Youssef e Costa disseram que para cada contrato fechado em três diretorias da Petrobras havia uma comissão destinada a partidos políticos, como o PT, o PP e o PMDB.

"A União loteou a diretoria e permitiu que houvesse os desvios", disse Stockinger, para quem "a má gestão da Petrobras levou à queda do patrimônio".

O advogado, que é filho do artista plástico Francisco Stockinger (1919-2009), afirmou que nunca trabalhou com partidos políticos nem exerce militância política.

Procurada, a assessoria de imprensa da Petrobras informou que a empresa "desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no preço das ações da companhia".

ILUSÃO

Uma das acionistas que vai processar a União é a arquiteta Maria Cristina Moura, que disse ter adquirido ações em 2008, com recursos de herança de seu pai, por "acreditar na propaganda do governo, que dizia que a Petrobras era uma empresa gigantesca".

Ela encarou as aquisições "como uma espécie de poupança" para a aposentadoria.

Com a queda do valor das ações e o escândalo da Lava Jato, ela disse que se sentiu "iludida". "Me deu uma sensação de ter sido quase que roubada, no mínimo enganada", disse. "Hoje não posso nem olhar o valor das ações."


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