Folha de S. Paulo


Jovens se afastam do mercado de trabalho para poderem estudar mais

No caso dos jovens, o afastamento do mercado de trabalho também reforça uma transformação estrutural: o maior tempo dedicado aos estudos.

Nos últimos anos, a tendência foi impulsionada pelo forte aumento dos subsídios à educação, como o financiamento barato pelo governo a cursos superiores privados.

Segundo os economistas Pedro Cabanas, Bruno Komatsu e Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper, um aumento recente na renda familiar eleva a probabilidade de que o jovem apenas estude. Essa chance é ampliada se os pais têm maior escolaridade.

A questão é se um revés financeiro pode alterar a tendência de maior dedicação dos jovens aos estudos, principalmente entre os menos escolarizados e de renda mais baixa.

Esse grupo tem sido mais vulnerável ao desalento, o que faz com que uma fatia crescente de jovens não trabalhe nem estude, a chamada geração nem nem. Segundo o IBGE, 20,3% dos jovens de 15 a 29 anos se encontrava nessa situação em 2013, ante 19,6% em 2012.

Segundo Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, a piora da economia nos últimos anos ajuda a explicar o desalento dos jovens.

"Houve uma forte desaceleração na contratação, que tende a afetar os trabalhadores menos eficientes e, portanto, menos experientes. Isso dificulta a entrada do jovem no mercado", afirma.


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