Folha de S. Paulo


Funcionários da Mercedes voltam ao trabalho; greve continua na Volks

Funcionários da Mercedes-Benz voltaram ao trabalho nesta quinta-feira (8), depois de paralisação de 24 horas iniciada ontem. Os trabalhadores protestaram contra a demissão de 244 colegas de trabalho.

De acordo com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nesta sexta-feira (9) haverá outra mobilização na entrada da montadora, mas nova paralisação está descartada nesta sexta.

Na Volkswagen, por sua vez, os metalúrgicos seguem em greve contra a demissão de 800 funcionários.

Em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira, o trabalhadores decidiram manter a mobilização. Amanhã, não haverá manifestação em frente à empresa. O movimento será retomado na segunda-feira.

Durante a assembleia, o presidente do sindicato, Rafael Marques, afirmou que uma das medidas que serão realizadas na próxima semana, caso não ocorra negociação com a montadora até lá, é um protesto na Rodovia Anchieta.

APOIO

Hoje, o superintendente regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, ligado ao Ministério do Trabalho, Luiz Antônio de Medeiros, se encontrou com o presidente do sindicato.

O objetivo do encontro foi conhecer melhor as condições em que ocorreram as demissões na Volks e na Mercedes. De acordo com o sindicato, Medeiros disse que o ministro Manoel Dias está trabalhando junto a outras autoridades de Brasília na busca de alternativas para resolver a situação na Volkswagen.

Também nesta quinta estiveram na sede do sindicato o secretário de Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo, João Dado, e o secretário adjunto da pasta, Eufrozino Pereira.

OUTRO LADO

Em nota, a Mercedes informou que "durante todo o ano de 2014, a Mercedes-Benz do Brasil utilizou todas as ferramentas legais e negociadas de flexibilização para preservar a sua força de trabalho".

Foram adotadas licença remunerada, férias coletivas e individuais, banco de horas individual e coletivo, semanas com quatro dias de trabalho, redução para um turno em algumas áreas, programas de demissão voluntária e lay-off. A empresa decidiu também interromper sua produção durante todo o mês de dezembro.

"Para manter a competitividade diante dos altos custos fixos de produção, a companhia adotou também as medidas abaixo a partir de dezembro: prorrogação do lay-off para cerca de 750 colaboradores de São Bernardo até o dia 30 de abril de 2015. Dessa vez, com os custos totalmente assumidos pela empresa; abertura de PDV [Plano de Demissão Voluntária], que teve a adesão de cerca de 100 colaboradores; encerramento do contrato de trabalho para cerca de 160 funcionários; adicionalmente, para a planta de Juiz de Fora, Minas Gerais, foi adotada a extensão do lay-off para aproximadamente 170 pessoas até 30 de abril com os custos também assumidos pela companhia".

E ressalta que, apesar de um cenário de queda de produção em suas plantas, "a Mercedes-Benz mantém os investimentos de R$ 730 milhões anunciados recentemente para as fábricas de São Bernardo e Juiz de Foraentre 2015-2018, com o objetivo de assegurar a competitividade da empresa no setor de veículos comerciais".

Também por nota, a Volks confirma as demissões. "Visando estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a Unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade, a Volkswagen do Brasil anuncia que haverá o desligamento de 800 empregados em sua fábrica no ABC Paulista, após período de licença remunerada de 30 dias".

E se refere às demissões como uma "primeira etapa de adequação de efetivo", dando a entender que mais desligamentos virão. A empresa, no entanto, não comenta essa possibilidade.


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