Folha de S. Paulo


Tributos se estabilizarão com menos gasto e mais crescimento, diz Levy

Logo após defender ajustes em tributos para aumentar a poupança do país, em seu primeiro discurso como novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy afirmou que a carga tributária só será estabilizada quando a trajetória dos gastos públicos for "favorável" e o crescimento da economia, maior.

Em entrevista a jornalistas, Levy não arriscou previsões para o crescimento este ano, mas defendeu que a economia brasileira tem grande capacidade de se adaptar às dificuldades. "Não vamos ter nenhuma parada brusca", disse.

Ele voltou a defender que já começou a tomar medidas para controlar os desembolsos do governo, citando os ajustes nas regras de financiamento do BNDES, no seguro-desemprego, abono salarial, pensões por morte e outros benefícios.

Pedro Ladeira/Folhapress
Joaquim Levy toma posse como ministro da Fazenda sem a presença de Mantega, na tarde desta segunda-feira, em Brasília (DF)
Joaquim Levy toma posse, nesta segunda-feira, como ministro da Fazenda

A poupança alcançada por essas medidas teria o objetivo de estimular investimentos no país, pontuou o novo ministro.

Questionado sobre onde deverá haver mais cortes e se o ajuste fiscal em curso vai comprometer programas sociais e investimento, Levy não foi claro. Disse que mudança de rumos significa "fazer esforços", e que não há expectativa de violação de direitos.

Sobre impacto no investimento, afirmou que "tem que ver a situação", mas que acredita haver "mais alternativas", com capacidade de alcançar resultados com "impacto mínimo" e "garantindo a continuidade de todos os programas essenciais".

Levy comparou a economia brasileira a um corpo cansado. "Acho que isso é natural. Quando a gente tá cansado, o corpo parece meio abatido, mas o corpo se recupera."

PATRIMONIALISMO

Na coletiva, Levy voltou a falar em clareza, melhoria na governança e do fim do patrimonialismo nas instituições, um dos tópicos mais repetidos em seu discurso desta segunda.

"A gente quer dar certezas, regras claras, isso diminui a ansiedade das empresas. Quando as coisas são incertas, em vez de tomar riscos, as pessoas ficam se protegendo", disse.

No seu discurso, Levy falou que a antítese do sistema patrimonialista - um "sistema excludente"- é a impessoalidade nos negócios do Estado.

"A antítese do patrimonialismo é estar dando pé de igualdade, ter clareza nas regras, as consequências de maior governança", defendeu.

LAVA JATO

Sobre a operação Lava Jato –que investiga esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos–, Levy afirmou ter "certeza que esses episódios vão resultar na melhora das companhias, na melhora da maneira como as coisas são feitas, em companhias mais fortes, abertas, que vão estar lá sob pressão do mercado".


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