Bel Pesce, 26, não criou uma empresa famosa nem ficou rica vendendo uma companhia que tenha criado, como acontece com grande parte dos gurus de negócios.
Isso não impediu que ela fosse catapultada ao posto de ícone do empreendedorismo, obtendo números superlativos: mais de 100 mil cópias vendidas de três livros, além de 3 milhões de downloads grátis, 80 palestras em 2014 e, mais recentemente, R$ 889 mil arrecadados em uma coleta por "crowdfunding" (financiamento coletivo), a maior já registrada no Brasil.
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A campanha, feita no site Kickante, tinha o objetivo de financiar uma turnê pelas 27 capitais brasileiras com uma palestra sobre "12 maneiras de destruir seus sonhos".
"Foi incrível a abrangência de idade. Tinha avó que dizia: Te vi na Ana Maria Braga e trouxe minha filha e minha neta", conta Pesce sobre o tour, encerrado no começo do mês –ela diz ter descoberto ser capaz de dar 600 autógrafos por hora. "Teve uma caravana de 50 crianças de dez anos que viajou para ver a palestra."
| Ryan Lash/TED | ||
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| A brasileira Bel Pesce se apresenta no evento TEDGlobal, realizado no Rio; ela foi contratada para 80 palestras em 2014 |
Pesce é exemplo de como, no mundo dos negócios, é importante ter uma boa história para contar: a paulistana saiu do Brasil em 2006, fez faculdade no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), estagiou por alguns meses no Google e na Microsoft e participou da criação de start-ups no Vale do Silício –nada muito conhecido. A última foi a Lemon, dona de um aplicativo de finanças pessoais.
Em 2012, lançou o livro "A Menina do Vale", em que dá dicas de empreendedorismo e conselhos como "com paixão, determinação e iniciativa, é possível fazer qualquer sonho acontecer". A publicação tornou-se viral, com 100 mil downloads em uma semana, e ela voltou ao Brasil.
A jovem diz que não usa sua trajetória como estratégia de marketing. "Eu não criei nenhuma história. Não é algo que alguém manufaturou para ser bonito."
Ela ressalta, entretanto, que faz questão de compartilhar na internet tudo o que acontece em seu dia a dia. "Esses dias fiz uma cirurgia para corrigir um problema na gengiva e postei", conta.
Essa exposição é uma das teorias para explicar sua popularidade. "Imagine o Monet na era da mídia social, e a gente visse a evolução de cada quadro dele. É mais legal.", compara.
Pesce trata sua imagem como "canal de distribuição" para a FazINOVA, escola que ela criou em São Paulo em 2013 e que tem como slogan "desenvolva habilidades e realize seus sonhos".
No programa da instituição, que dura um semestre e custa R$ 399 por mês, o aluno tem lições sobre habilidades comportamentais e técnicas e atividades práticas para poder realizar seus sonhos, que podem ir de melhorar o relacionamento com os pais a escrever alguns capítulos de um livro.
A FazINOVA oferece cursos on-line grátis e uma rede social relacionada às aspirações das pessoas e promove viagens ao Vale do Silício.
Pesce pretende lançar versões das aulas em inglês, como forma de aproveitar a atenção internacional: ela foi escolhida pela revista americana "Time" como "uma das líderes da nova geração" e ganhou um prêmio de empreendedorismo feminino da marca de joias Cartier.
Outro projeto, sobre o qual não dá detalhes, é levar a "menina do Vale" para os gibis. Ela diz que vai se manter "transparente". "Tem crianças de cinco anos para me ver. A responsa' é grande."