Folha de S. Paulo


Entenda como funcionam os leilões de ações na Bolsa

Nesta segunda-feira (15), as ações da Petrobras caíram 10% na Bolsa e entraram no que se chama de leilão.

No leilão de ações, a Bolsa não fecha negócios com os papéis à medida que as ofertas chegam, como ocorre normalmente durante as negociações: as ofertas de compra e de venda das ações são apenas registradas e só depois de todas aceitas é que os negócios são fechados, quando os preços de compra e venda se encaixam.

Durante esse processo, as ações saem do pregão. Mas a Bolsa não utiliza o termo "suspensão" para caracterizar o leilão, já que os papéis continuam recebendo ofertas.

A intenção do leilão é evitar que os valores continuem oscilando de maneira descontrolada. No caso da desvalorização de um papel, isso é possível porque, no leilão, são registradas apenas ofertas de compra a valores iguais ou maiores que o preço da ação naquele momento. O mecanismo também vale para casos de valorização a partir de 10%, com o propósito de evitar altas mais expressivas.

CASOS POSSÍVEIS

Há diversas situações que desencadeiam os leilões. As principais são:

- Queda ou alta do preço do papel a partir de 10% em relação ao preço de fechamento do dia anterior, desde que a oscilação seja registrada no início do dia, antes da abertura do pregão;
- Queda ou alta do preço do papel a partir de 10% em relação ao preço de abertura, desde que a oscilação seja verificada após a abertura dos negócios;
- Oscilação do valor entre 10% e 19,99% em relação ao último preço do papel antes de entrar em leilão (e isso pode ser em qualquer horário ao longo do dia).

O leilão dura 5 minutos, prorrogáveis por mais 5, e pode ser feito diversas vezes ao dia, sem um limite: basta que o preço da ação volte a oscilar a partir de 10% em relação ao preço estabelecido após o leilão.

A medida é uma das utilizadas pela Bolsa de Valores para controle de risco no mercado a fim de garantir a melhor formação de preço do papel.

Embora o leilão seja acionado automaticamente, não é correto falar em "circuit breaker" nesse caso.

'CIRCUIT BREAKER'

O "circuit breaker" É um dispositivo adotado por Bolsas de Valores que interrompe as negociações de ações na Bolsa quando há queda ou alta muito expressiva de ações em um curto período de tempo. Historicamente, é mais comum seu acionamento em caso de grandes quedas.

Na BM&FBovespa (Bolsa brasileira), a regra é que o sistema é acionado quando o Ibovespa (principal índice do mercado acionário do país), que agrega as ações mais negociadas, cai a partir de 10% em relação ao desempenho obtido no fechamento dos negócios na véspera.

As negociações ficam paralisadas durante 30 minutos. Se, depois de retomadas as negociações, o índice registrar mais 5% de baixa (perfazendo um total de 15% de queda no dia), o "circuit breaker" é novamente acionado. Desta vez, as negociações ficam paradas por 60 minutos. Se após novo retorno a queda chegar a 20%, os negócios são suspensos por tempo indereminado.

A Bolsa informa ao mercado qual será esse prazo. A regra prevê, no entanto, que um dia de negócios na Bolsa nunca termine com um "circuit breaker".

Sempre haverá pelo menos mais meia hora de negócios depois do retorno de uma paralisação. O objetivo é que os investidores possam ajustas suas aplicações antes do fechamento da Bolsa. Também há na BM&FBovespa o "circuit breaker" para ativos individuais (como ações), que é acionado quando ocorre queda ou alta de mais de 15% do preço. Nesse caso, a negociação desse papel é suspensa e ele é colocado em leilão.


Endereço da página: