Folha de S. Paulo


Petrobras cai mais de 4% e derruba Bolsa; dólar vai a R$ 2,67 pela 1ª vez desde 2005

A desvalorização dos preços das commodities voltou a afetar os mercados internacionais nesta sexta-feira (12) e fez com que o dólar atingisse novamente sua maior cotação em relação ao real desde 2005, apesar do esforço maior por parte do Banco Central para conter a escalada da moeda.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,1% sobre o real às 14h05, cotado em R$ 2,672 na venda. O dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,98%, para R$ 2,674, ambos no maior valor desde o final de março de 2005.

O fortalecimento do dólar sobre diversas moedas ao redor do globo tem sido observado nos últimos dias, especialmente aquelas correlacionadas às commodities, num cenário em que o petróleo atingiu seu menor preço em cinco anos e meio.

A queda do petróleo também afeta negativamente a Bolsa brasileira, em especial as ações da Petrobras. Às 14h05 (de Brasília), os papéis preferenciais da Petrobras (sem direito a voto) perdiam 4,43%, para R$ 10,34 cada um, enquanto os ordinários (com direito a voto) mostravam baixa de 4,58%, para R$ 9,58. Ambos estão em seus menores patamares desde 2004.

O quadro da estatal é agravado por novos desdobramentos de denúncias de corrupção na empresa, enquanto os investidores aguardam pela divulgação do balanço não auditado da companhia, previsto para esta sexta, com 28 dias de atraso.

Matéria publicada no jornal "Valor Econômico" desta sexta-feira diz que uma gerente da Petrobras advertiu a atual diretoria da empresa de uma série de irregularidades em contratos muito antes do início da Operação Lava Jato. Em nota, a Petrobras afirmou que todas as informações enviadas pela funcionária foram apuradas. A empresa não confirma se Foster e Cosenza receberam os e-mails publicados pelo jornal.

"Atualmente a maior preocupação da companhia é na publicação do balanço, pois sem balanço não existe rolagem da dívida nem possível captação via ações. Cenário bastante complicado e incerto para a companhia. Seguimos não recomendando exposição ao ativo", disse o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.

O desempenho negativo da petroleira ajudava a sustentar a queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, no mesmo horário. A desvalorização era de 2,86%, para 48.435 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,28 bilhões.

CÂMBIO

Segundo operadores, além do fraco desempenho das commodities na cena externa, também pressiona a moeda as incertezas em relação à economia brasileira e o temor de que os juros nos EUA sejam elevados antes do previsto pelo Federal Reserve (banco central americano).

O BC brasileiro aumentou nesta sexta suas atuações no câmbio. Além dos leilões de swap já programados (operações que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro), a autoridade também vai oferecer US$ 2 bilhões em leilão de empréstimos de dólares das reservas internacionais. É o dobro do ofertado nas duas operações anteriores desse tipo realizadas neste mês.

Nesta quinta, o BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial, pelo total de US$ 197,9 milhões.

A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de até 10 mil contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 490,3 milhões.


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