Folha de S. Paulo


Estaleiro fornecedor da Petrobras demite mil trabalhadores na Bahia

Sem repasses da Sete Brasil, empresa criada para construir e alugar sondas para exploração do pré-sal, a empresa Enseada Indústria Naval anunciou a demissão de mil trabalhadores das obras do estaleiro que está sendo erguido no recôncavo baiano.

Dono de um contrato para construir seis navios-sonda até 2020, o estaleiro é gerido por consórcio formado por OAS, UTC Engenharia –cujos executivos foram denunciados na Lava Jato– além da Odebrecht e Kawasaki.

A Folha apurou que a indisponibilidade de repasses da Sete Brasil é apontada como a principal causa das demissões. Há três meses, o empreendimento não recebe recursos da Sete Brasil, que tem entre seus acionistas a Petrobras, num débito que chega a R$ 210 milhões.

Para solucionar o problema de liquidez, a Sete tenta receber recursos de empréstimos no valor de R$ 5 bilhões junto ao BNDES e ao UK Export Finance, da Inglaterra.

Outros R$ 800 milhões foram solicitados ao Banco do Brasil. Até agora, nenhum empréstimo foi liberado.

Erguido na cidade de Maragogipe (130 km de Salvador), o estaleiro Enseada do Paraguaçu teve sua pedra fundamental lançada há cerca de dois anos.

Ao todo, 470 demissões já foram concretizadas, mas a empresa informou que o número de demitidos deve chegar a mil ainda neste mês.

Segundo o sindicato dos trabalhadores, outro 800 trabalhadores terceirizados também devem ser demitidos.

Após as demissões, os 2.700 trabalhadores das obras entraram em greve. "Se alguém foi pego pilhando recursos públicos na Petrobras, que pague. Não vamos aceitar que os trabalhadores sejam punidos", disse o presidente do sindicato dos trabalhadores da construção pesada da Bahia, Bebeto Galvão.

A Sete Brasil foi criada em 2010 para viabilizar a construção das sondas do pré-sal em estaleiros nacionais. Entre os acionistas, estão a Petrobras, Santander, Bradesco, BTG Pactual e os fundos de pensão Funcef.

OUTRO LADO

Em nota, a Enseada Indústria Naval informou que as demissões são de caráter preventivo e alegou dificuldades no "atual cenário do país, com impacto direto na indústria naval brasileira".

A Sete Brasil disse "que está concentrando esforços para equacionar os pagamentos e ressalta também que a crise atual no setor impôs dificuldades ao plano de financiamento da companhia".

Orçadas em R$ 2,7 bilhões, as obras do estaleiro tem previsão de término em dezembro do próximo ano.


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