Folha de S. Paulo


Petistas defendem Levy, mas dizem que política econômica é de Dilma

Em meio ao fogo amigo disparado por ministros e petistas contra o convite para Joaquim Levy assumir o Ministério da Fazenda, líderes do partido lançaram elogios públicos nesta segunda-feira (24) ao escolhido, mas fizeram questão de destacar que a presidente Dilma Rousseff é a responsável pela palavra final sobre a política econômica de seu segundo mandato.

O recado tenta minimizar o processo de fritura interna que se instalou no PT diante da aguardada indicação de Levy nesta semana para a Fazenda. A principal reclamação é de que ele tem perfil liberal e pode implementar o arrocho que a petista tanto acusou seus adversários na campanha eleitoral.

A Folha apurou que a principal resistência a Levy parte da corrente Mensagem ao Partido, segunda maior força interna. A Mensagem, cujos principais expoentes são o governador Tarso Genro (RS) e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), chegou a pregar a "refundação" do partido em meio ao escândalo do mensalão.

Integrantes do partido afirmam que essa corrente defenderia a indicação de Arno Augustin e tem propagado que sua ida para Fazenda seria restabelecer o período de Antonio Palocci no cargo e de Henrique Meirelles no Banco Central, durante o governo Lula.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que estão "tentando disseminar um ambiente de mal-estar entre" Levy e o PT, mas saiu em defesa de sua nomeação.

"A presidente Dilma é a responsável pelo modelo de governo de estabilidade para o país, do desenvolvimento inclusivo que colocamos em curso no Brasil. Então, que não morram de véspera os pessimistas, porque o senhor Joaquim Levy nem chegou ainda a Fazenda e, quando chegar, será sem dúvida guardião do modelo de desenvolvimento para o Brasil que já largamente experimentado, mostrou que dá certo, que é exitoso e que é reconhecido em todo mundo exemplo de redução da pobreza e da desigualdade social", disse.

Costa afirmou que diante do processo de fritura quer "fazer parte daqueles que preferem colocar água na fervura". "A presidente jamais abriria mão de ser ela condutora da política econômica do governo. Qualquer que seja a história dos ministros indicado ela tem compromisso com as propostas que apresentou nesta campanha", completou o líder.

Vice-presidente do PT, o deputado José Guimarães (CE), disse que, se confirmado, Levy irá tocar o programa definido por Dilma. "É preciso evitar a fulanização do governo. Quem escolhe ministro é a presidente. Ela foi eleita com um programa que saiu vitorioso. Independente do nome é o programa que será executado",afirmou.

Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) classificou o futuro ministro como "completo". "Levy fez parte do governo Lula, e ajudou a fazer a correção de rumos do governo do PSDB. O Ministério da Fazenda estará em boas mãos. O Joaquim Levy é mais completo: não é banqueiro, é do mundo da economia e tem contato com a vida real", defendeu.

Na sexta, além de Levy, Dilma convidou Alexandre Tombini e Nelson Barbosa para integrarem a sua nova equipe econômica. Barbosa iria para o Ministério do Planejamento e Tombini permaneceria no Banco Central.


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