Folha de S. Paulo


Cursos personalizados para empresas ganham importância no faturamento

Mais seguros do ponto de vista da inadimplência e da desistência dos alunos, os cursos "in company", feitos sob medida para cada empresa, têm crescido em importância para o faturamento das escolas de negócios.

Nesses programas que vão de cursos de curta duração a MBAs de dois anos, as instituições de ensino superior adaptam o conteúdo de acordo com as necessidades estratégicas da companhia ou das deficiências mais encontradas nos funcionários.

EDUCAÇÃO
Demanda por qualidade atrai investimentos

Trata-se de um passo a mais do que apenas conceder ajuda financeira para que os profissionais façam a especialização. Uma pesquisa feita no ano passado pela Anamba (Associação Nacional de MBA) com 740 alunos e ex-alunos indicou que 40% deles tinham ajuda da empresa para pagar os estudos.

Luiz Ernesto Migliora, diretor-executivo de cursos corporativos da FGV, diz que no Brasil essa tendência de personalização é "mais acentuada porque o nível de educação é muito baixo". "Basicamente, a maioria dos profissionais sai de universidades que não preparam adequadamente o profissional."

Entretanto, a instituição não oferece esses cursos só no Brasil: a Província de Huíla, em Angola, contratou a FGV para criar uma pós-graduação para gestores de saúde.

Para as empresas, pode sair mais barato fazer o curso interno do que conceder bolsas. Waldomiro Barbosa Júnior, gerente dessa unidade na Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que, no caso das pós-graduações de 18 meses, o custo por aluno cai 30%.

Isso acontece, segundo ele, porque a instituição não precisa embutir, na mensalidade, fatores de risco como inadimplência e desistência. "A empresa vai pagar e exigir que o aluno esteja lá, então não vou considerar esses fatores [na mensalidade]", diz.

No Mackenzie, de 6.000 alunos de pós-graduação, 1.200 estão "in company". Na escola de negócios Saint Paul, de São Paulo, essa modalidade representa entre 40% e 60% do faturamento -a expectativa é que a receita com o segmento cresça 120% neste ano. Cerca de 70 empresas contrataram a instituição em 2014.

José Claudio Securato, presidente da Saint Paul, diz que os cursos mais procurados hoje são os de finanças para profissionais que não são da área, inteligência de mercado e liderança. Na Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, que tem 40% de sua receita atrelada a programas corporativos, os cursos de liderança também são os mais procurados.

Antonio Batista, diretor-executivo dessa área na escola, diz que isso acontece, entre outras razões, porque há mais gente jovem assumindo cargos de chefia. "Eles estão em postos de comando, mas não são líderes. Precisam da capacidade de arregimentar pessoas para atingir resultados por meio delas", afirma.

Ele aponta um ponto negativo de adotar esse tipo de estratégia de treinamento. Como os executivos tendem a assistir às aulas com os próprios colegas, usando como material de análise muitas vezes os resultados da própria empresa e seus desafios, perdem a oportunidade de ter acesso a novos cenários e trocar experiências com profissionais de outras áreas.

"Mas você ganha velocidade. O cliente corporativo tem seus interesses e quer resultado rápido."


Endereço da página:

Links no texto: