Folha de S. Paulo


'Coworkings' se concentram em empresas e mudam cobrança

Planejados inicialmente para profissionais autônomos, os "coworkings" (escritórios compartilhados) estão mudando no Brasil. Hoje, esses espaços, nos quais se aluga uma baia em vez de um escritório inteiro, têm sido adotados também por empresas. O modelo de cobrança por horas também perde espaço para a contratação por mês.

Nesses locais, os gastos e os problemas com manutenção, internet e secretária estão embutidos no aluguel.

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"Quando você tem um espaço, se acaba o papel higiênico, isso vira prioridade máxima. Você tem que se preocupar com coisas que não são importantes para o seu negócio", conta o empresário Rogério Nogueira.

Ele comanda 12 funcionários, mas a maior parte trabalha em casa. De três a cinco usam o coworking e gastam um pacote de horas pré-pago. Mesmo nos meses em que a equipe estoura a quota, o valor fica abaixo de R$ 3.000. Ele calcula em R$ 10 mil os gastos que teria com um escritório tradicional.

Esse também foi o atrativo do coworking para Luciano Machado, um dos sócios da MMF Projetos. Ele aluga um escritório na Avenida Paulista da rede GoWork, que tem oito espaços em São Paulo.

A empresa trabalha com seis pessoas em média, mas o número aumenta de acordo com os projetos e já chegou a 14 pessoas.

"Quando o cliente vem, colocamos o logo da MMF na TV de LED da recepção. Fica a impressão de que o espaço é todo nosso", diz. O aluguel de uma sala fechada custa R$ 800 por pessoa. As baias, que ficam em espaços compartilhados, saem por R$ 700 por pessoa.

De acordo com o presidente da GoWork, Fernando Bottura, as empresas respondem por 15% das 1.200 pessoas que alugam espaços na rede. "Damos desconto para que os contratos sejam de três meses. Assim tenho um fluxo de caixa maior", diz.

Raquel Cunha/Folhapress
Fernando Bottura é fundador da GoWork, um espaço de coworking
Fernando Bottura, presidente e fundador da GoWork, um espaço de coworking

O designer Fernando Aguirre é responsável pelo site Coworking Brasil, que cataloga espaços do tipo no país. Ele afirma que o uso de períodos maiores de aluguel, em vez do modelo de cobrança por dia, tem crescido. "Quando faço coworking em viagens, não gosto de ter um reloginho me dizendo que preciso escrever um e-mail em 15 minutos", afirma.

Ele é um dos donos do Coletivo 202 em Porto Alegre e afirma que o espaço abandonou recentemente o modelo de aluguel por dia, adotado desde 2011. Hoje há planos mensais com desconto para períodos maiores.

O modelo de negócios também tem mudado. Os donos de uma das iniciativas mais antigas no Brasil, a Pto de Contato, uniram-se a mais seis sócios e abriram o Distrito. "Prestamos consultoria de marketing e negócios e ajudamos as empresas do 'coworking' a terem contato com investidores", diz Bernardo Noronha, presidente do espaço, que promove palestras.


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