Folha de S. Paulo


Eike planeja volta aos negócios com remédio para impotência, diz livro

O empresário brasileiro Eike Batista, que pode ir a julgamento na próxima semana, prepara sua volta ao mundo dos negócios com investimentos em uma companhia farmacêutica sul-coreana especializada em medicamentos para impotência.

O dono da holding EBX, que tem participação em negócios de petróleo, energia, estaleiros etc., assinou neste ano uma associação com a C. L. Pharm, sediada em Seul, em um "acordo de desenvolvimento" no valor de US$ 12 milhões.

Os advogados de Eike e a EBX não comentaram.

Investidores ao redor do mundo ainda estão se recuperando do colapso do império de Eike nas áreas de petróleo e mineração, no ano passado, e da recuperação judicial da petroleira OGX em outubro, no desfecho do que se tornou o maior calote corporativo da América Latina.

Na próxima terça (18), Eike, que chegou a ser ranqueado pela revista "Forbes" como o sétimo homem mais rico do mundo há apenas dois anos, deverá ir a julgamento no Rio, em um dos casos de suposta manipulação do mercado de ações nos quais é acusado.

O empresário de 58 anos é acusado de usar informação privilegiada para vender ações da OGX e do estaleiro OSX, no ano passado, antes que fossem divulgados problemas na companhia.

Ele nega irregularidades.

Se for condenado, Eike pode ser a primeira pessoa a ser presa por crime contra o mercado de capitais na América Latina.

Tudo ou Nada
Malu Gaspar
livro
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As negociações com a C. L. Pharm começaram em uma viagem do empresário à Coreia do Sul em abril deste ano, na qual pagou US$ 1 milhão pelos direitos de construir uma fábrica no Brasil, segundo o livro "Tudo ou Nada", da jornalista Malu Gaspar, que conta a trajetória de Eike. O livro deve ser lançado nesta sexta.

Eike também teria se reunido com Hwang Woo-suk, cientista sul-coreano que ficou famoso pela clonagem do cão chamado Snuppy, em 2005. O cientista, que foi acusado de falsificar pesquisas com células-tronco, tem planos de estabelecer um laboratório de clonagem de cães no Brasil, segundo o livro.

Ele não foi localizado para comentar.

HOTEL GLÓRIA

Nesta semana, a EBX divulgou também que Eike assinou acordo com a suíça Acron para recuperar a associação com a empresa no Hotel Glória.

Eike inicialmente planejou criar um fundo de infraestrutura, após o colapso de seu império de commodities, no ano passado, segundo o livro de Malu Gaspar.

No entanto, por falta de interesse dos investidores, principalmente em Nova York, ele voltou seu foco para oportunidades ligadas a saúde e tecnologia na Ásia.

"Não quero mais negócios que dependam apenas do governo", ele teria dito, segundo a publicação.

Eike recebeu forte apoio do governo Lula a seus projetos durante o boom econômico brasileiro do começo da década.

Se os remédios para impotência e a clonagem de cães se provarem negócios de sucesso, seria a terceira vez em que Eike terá conseguido se reinventar.

Antes de criar o grupo EBX, ele fundou a mineradora de ouro TVX no Canadá, em 1980, mas foi forçado a sair da companhia em 2001 depois que o valor das ações despencou 90%.


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