Folha de S. Paulo


Safra compra edifício Gherkin, em Londres, por R$ 3 bilhões

O Gherkin, um dos edifício mais distintivos do panorama londrino, foi vendido por mais de 700 milhões de libras ao Grupo Safra, companhia controlada pelo bilionário brasileiro Joseph Safra.

Safra, que no mês passado foi um dos compradores da Chiquita, uma distribuidora de bananas norte-americana, divulgou comunicado na segunda-feira anunciando a aquisição do arranha-céu projetado por Norman Foster junto aos liquidantes que o controlavam, embora não tenha mencionado o montante da transação.

O edifício, cujo nome oficial é 30 St Mary Axe, foi vendido por 726 milhões de libras (equivalente a R$ 2,96 bilhões, segundo cotação de sexta-feira, 7), de acordo com fontes próximas à transação. Isso equivale a 21% de ágio ante o preço de 600 milhões de libras pago por um fundo formado pela IVG Immobilien, da Alemanha, e pela Evans Randall, imobiliária londrina, no pico do boom imobiliário da década passada.

Lindsey Parnaby/Efe
Torre Gherkin, de Londres, comprada pelo Banco Safra
Torre Gherkin, de Londres, comprada pelo Banco Safra

O Grupo Safra afirmou que "a aquisição do 30 St Mary Axe é compatível com nossa estratégia imobiliária de investir em propriedades realmente especiais - nos melhores lugares das maiores cidades".

"Embora construída há apenas 10 anos, o edifício já é um ícone de Londres e se distingue dos demais imóveis do mercado, com excelente potencial de crescimento de valor. Pretendemos tornar o edifício ainda melhor e mais desejável por meio de uma postura ativa de propriedade e diversas melhoras que beneficiarão os inquilinos", acrescentou o Grupo Safra.

A aquisição do Gherkin [pepino em conserva] mostra o apetite de Safra por investimentos variados. No mês passado, o Grupo Safra fechou a aquisição da Chiquita, uma distribuidora de bananas dos Estados Unidos, em oferta conjunta com o grupo Cutrale, produtor brasileiro de suco de laranja. Essa foi a maior aquisição brasileira nos Estados Unidos em quatro anos.

Ainda que a compra do Gherkin seja primeira incursão do grupo no mercado de imóveis comerciais do Reino Unido, Safra não é novato nas transações imobiliárias internacionais; no ano passado, a M. Safra & Co., a empresa de gestão de patrimônio de sua família, adquiriu participação de 40% no edifício General Motors, em Nova York, por cerca de US$ 1,4 bilhão, em parceria com o incorporador de imóveis chinês Zhang Xin. A transação avaliava a torre de 50 pisos em US$ 3,4 bilhões.

Safra, 75, é um judeu sefardi que chegou ao Brasil com pouco mais de 20 anos, como imigrante do Líbano. Ele manteve o império bancário da família, criado por seu tio-avô Ezra na Síria, ao estabelecer o Banco Safra, hoje o oitavo maior banco privado brasileiro, com mais de US$ 50 bilhões em ativos e atendendo em geral a clientes privados. O segundo mais rico entre os banqueiros mundiais, com fortuna pessoal próxima dos US$ 15 bilhões de acordo com a revista "Forbes", a marca registrada de Safra, segundo pessoas a ele associadas, é o silêncio.

Sua decisão de bancar a oferta pela Chiquita tomou de surpresa o mundo dos negócios.

Os antigos co-proprietários do Gherkin estavam inadimplentes há cinco anos nos pagamentos do empréstimo de 395 milhões de libras que obtiveram junto a um consórcio de bancos alemães para adquirir o edifício, em 2006.

As duas empresas sofreram perdas por conta de movimentos cambiais e swaps de passivos contra os quais não detinham hedge, mas a Evans Randall lutou para manter o controle do edifício.

Os agentes imobiliários Savills e Deloitte Real Estate foram indicados para administrar a venda do edifício, e conversaram com mais de 200 potenciais compradores.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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