Folha de S. Paulo


Bancos negam fazer acordos para pagar menos impostos

Os bancos citados nos documentos da consultoria internacional PwC (PricewaterhouseCoopers) foram econômicos em suas respostas ao serem consultados pela Folha a respeito de suas operações em Luxemburgo. Todos negam ter celebrado acordos para pagar menos impostos no Brasil.

O Itaú, que também responde agora pelo Unibanco (as duas instituições se fundiram há alguns anos), declarou o seguinte, por meio de sua assessoria:

"O Itaú esclarece que, conforme as regras vigentes, o lucro de suas subsidiárias no exterior é tributado no Brasil. Ainda, de acordo com essas mesmas regras, o imposto devido no Brasil pode ser compensado com o imposto efetivamente pago no exterior."

"Desse modo, eventual redução de imposto devido no exterior não terá efeitos no Brasil, uma vez que o lucro obtido continuará a ser tributado no Brasil. Assim, em relação às operações de Luxemburgo, o documento mencionado relaciona-se unicamente a regra fiscal específica de Luxemburgo, e, ainda que possa ter efeitos sobre o imposto ali devido, não interfere com o imposto devido no Brasil, que continuará devido sobre o lucro apurado naquela subsidiária."

"Por fim, o Itaú adota integralmente todas as regras e práticas contábeis e tributárias de cada país em que atua, seja no Brasil ou no exterior. Todas as operações são analisadas por auditores independentes, e submetidos à fiscalização dos órgãos reguladores locais."

ICIJ
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O Bradesco afirmou: "Trata-se de acordo do governo de Luxemburgo com o Bradesco Luxemburgo, entidade com mais de 30 anos de operação. Este acordo produz efeitos fiscais somente locais, no âmbito daquela jurisdição. No Brasil, o mesmo não produz qualquer efeito".

Itaú e Bradesco não dizem uma inverdade ao afirmar que os acordos se referem a Luxemburgo. Mas as instituições financeiras evitam mencionar que pagam menos impostos no Brasil quando seus lucros em Luxemburgo são reduzidos.

Os bancos não são obrigados a informar à Receita Federal do Brasil a natureza de seus acordos tributários em outros países. Precisam apenas declarar os lucros que têm no exterior.

A PwC não quis fazer comentários específicos por meio de sua assessoria no Brasil. Em nota, declarou: "Devido às cláusulas de confidencialidade de nossos contratos, e às próprias normas profissionais aplicáveis, estamos impedidos de dar qualquer informação a respeito de clientes de nossa organização".

Ao ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), a PwC disse que as reportagens publicadas nesta quarta-feira (5.nov.2014) são baseadas em informações "antigas" e "furtadas". A consultoria também declarou que sua assessoria tributária "é prestada de acordo com as leis e acordos locais, europeus e internacionais, e guiada pela Código Global de Conduta Tributária da PwC".

Na sua declaração, a PwC sustenta que a mídia não tem "uma compreensão completa das estruturas envolvidas" nas operações em Luxemburgo. Embora a consultoria diga não poder comentar sobre assuntos relativos a clientes específicos, rejeita "qualquer sugestão de que exista algo impróprio a respeito do trabalho da empresa".

Editoria de Arte/Folhapress

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