Folha de S. Paulo


Preços de alimentos sobem como reflexo da estiagem

Puxada pelos preços dos alimentos, a inflação dá sinais de aceleração para o final do ano. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, avançou em outubro e atingiu 0,48%, alta de 0,09 ponto percentual em relação ao verificado no mês de setembro.

No acumulado em 12 meses, o índice permaneceu estável pelo segundo mês consecutivo em 6,62%, acima, porém, do teto da meta de inflação, de 6,5%.

O IPCA-15 mede a variação de preços de produtos e serviços entre a última quinzena do mês anterior e a primeira do mês corrente.

Segundo analistas, a aceleração do índice aponta que a queda de preço (deflação) dos alimentos verificada de maio a agosto não deve se repetir em breve. Alguns itens, principalmente os hortifrútis e a pecuária, sentem mais a falta de chuvas, o que afeta negativamente a produção.

Editoria de Arte/Folhapress

Os custos com a alimentação registraram alta de 0,69% no IPCA-15 de outubro, aceleração de 0,41 ponto percentual em relação a setembro.

A alimentação em domicílio passou de 0,05%, registrado no mês passado, para 0,66% em outubro. Outro item importante no orçamento familiar, a inflação de bebidas também subiu: de 0,35% para 1,28%.

De acordo com Fábio Romão, da consultoria LCA, os alimentos devem manter a trajetória de alta, principalmente devido às poucas chuvas até o final do ano. Ele afirma que os alimentos in natura-verduras, legumes e frutas- deverão ser os maiores focos de pressão nos preços.

"Tivemos uma alta dos alimentos no início deste ano por conta da estiagem do fim do ano passado. Houve uma 'trégua sazonal' no meio do ano, com quedas importantes de preços de alimentos in natura. Porém isso não deve permanecer, justamente por conta do cenário climático menos favorável daqui para frente", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

DEMANDA AQUECIDA

Pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) afirmam que o aumento da procura deve ser outro fator de aceleração para os preços de alimentos.

Com a aproximação do verão, os itens que estão sofrendo mais com a estiagem, como frutas e verduras, são mais procurados e devem responder com alta de preço.

"Há três semanas, o preço das verduras começou a subir após meses em baixa. A questão agora é como manter a qualidade dos alimentos com pouca água e altas temperaturas", afirma Gabriela Rasera, do Cepea.

Na terça-feira (21), o preço da arroba do boi gordo, calculado pelo Cepea e pela BM&FBovespa fechou a R$ 135,20, o maior valor da série, iniciada em 1994. Segundo os pesquisadores, os aumentos também refletem a seca, que vem prejudicando as condições das pastagens e a engorda dos animais.


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