Folha de S. Paulo


Bolsa cai e dólar avança com mau humor no exterior e após pesquisas

A Bolsa opera em baixa e o dólar avança nesta sexta-feira (10) seguindo uma tendência de pessimismo no exterior e após a divulgação de pesquisas eleitorais que mostraram empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato Aécio Neves (PSDB).

Às 15h36, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caía 1,67%, a 56.313 pontos. No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha alta de 0,79%, a R$ 2,407. O dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,37%, a R$ 2,406, no horário.

Pesquisas divulgadas na noite de quinta-feira (9) mostraram empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato Aécio Neves (PSDB).

De acordo com o Datafolha, o candidato tucano tinha 51% das intenções de voto válido, contra 49% de Dilma.

É uma situação de empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos. Assim, o tucano pode ter entre 49% e 53%, a petista pode ter entre 47% e 51%

A pesquisa Ibope também apontou empate técnico na intenção de voto entre os dois candidatos, com vantagem numérica para Aécio Neves (PSDB).

"Aqui as oscilações estão maiores por causa das pesquisas eleitorais e em função de fatores domésticos. Algumas pesquisas divulgadas davam margem maior de votos para o Aécio em relação à Dilma, mas o Datafolha e o Ibope mostraram uma pequena margem dele", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.

"A Bolsa, então, cai com os investidores embolsando lucros diante da expectativa razoável de que a Dilma ganhe e dê continuidade a sua política econômica e fiscal", completa.

Pedro Galdi, economista-chefe da SLW Corretora, afirma que a Bolsa deve manter o viés negativo durante o dia. "A Bolsa brasileira está refletindo o pessimismo global, mas os investidores também aproveitam para realizar lucro após as pesquisas Ibope e Datafolha mostrarem uma margem menor do Aécio do que a esperada pelo mercado, que se baseava em duas pesquisas regionais publicadas antes e que davam uma vantagem maior ao tucano", diz.

Para o economista, as pesquisas que saíram ainda não refletem o impacto das notícias recentes envolvendo um suposto esquema de corrupção na Petrobras. "Neste final de semana saem duas pesquisas que devem trazer já a percepção de como essas notícias vão impactar cada candidatura", afirma.

CENÁRIOS

No radar dos investidores também estão dados de emprego na indústria, que mostraram recuo na esteira da menor confiança dos empresários do setor e na crise que o ramo atravessa, com previsão de queda na produção neste ano.

Em agosto de 2014, o pessoal ocupado na indústria caiu 0,4% frente ao julho. Nesses cinco meses de queda, o emprego acumula uma perda de 2,9%. Os dados foram divulgados na manhã desta sexta-feira pelo IBGE.

Em relação a agosto de 2013, o emprego industrial mostrou queda de 3,6%. Trata-se do 35º resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação.

No exterior as principais Bolsas também caem nesta sexta-feira, com preocupações de investidores com o ritmo do crescimento global e da Alemanha, maior economia da região.

As Bolsas europeias tiveram forte queda nesta sexta-feira e a Bolsa alemã, um dos mercados da região com melhor desempenho desde a crise financeira de 2008, atingiu a mínima de um ano diante de preocupações com as economias alemã e global.

"Há um movimento de proteção e cautela no exterior. Não é uma crise financeira, mas sim um ciclo de crescimento econômico um pouco abaixo do esperado. Com isso, o mercado tem que reajustar os preços dos ativos financeiros", afirma Velho.

AÇÕES

Das 70 ações negociadas no Ibovespa, 60 caíam e nove subiam às 15h32.

No horário, a maior baixa era registrada pelos papéis da Cosan Logística, que caíam 11,30%. Às 15h33, as ações do Banco do Brasil perdiam 2,56%, a R$ 30,79. Os papéis preferenciais da Petrobras, os mais negociados, tinham perda de 1,55%, a R$ 20,87, enquanto os ordinários, com direito a voto, tinham queda de 1,10%, a R$ 19,74, às 15h34.

As ações da Eletrobras também caem nesta sexta-feira. Os papéis preferenciais da elétrica perdiam 2,41%, a R$ 10,10, às 15h35. Já as ações ordinárias da empresa tinham desvalorização de 3,10%, a R$ 6,86, no mesmo horário.

Os papéis de bancos também perdem nesta sexta-feira. Às 15h35, as ações do Itaú caíam 2,23%, a R$ 35,95, e as do Bradesco tinham perda de 2,54%, a R$ 37,19, no mesmo horário.

No sentido oposto, as ações preferenciais da Oi lideravam as altas do Ibovespa às 15h36, com avanço de 2,27%, a R$ 1,35. Cemig (+1,59%) e Santander (+0,88%) completavam a lista das três maiores altas da Bolsa no horário.

DÓLAR

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, oferecendo 4.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. Foram vendidos 3.500 contratos para 1º de junho e 500 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões.

O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de 8.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 36% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.


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