Folha de S. Paulo


Projeção do FMI para a alta do PIB brasileiro é pessimista, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não viajou para reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), que acontece nesta semana nos Estados Unidos, em função do segundo turno da disputa eleitoral. "Precisamos estar todos aqui no Brasil", disse.

No entanto, ele rebateu o relatório divulgado nesta terça-feira (7) pelo Fundo, afirmando ser pessimista o prognóstico feito pela instituição de que a economia brasileira vai crescer 0,3% esse ano.

A projeção anterior do FMI era de um crescimento de 1,3% do PIB brasileiro. Foi o maior corte entre as projeções de crescimento feitas pelo Fundo.

O governo ainda trabalha com uma previsão de crescimento de 0,9% para o ano, mas o ministro indicou que a taxa deve ser revisada em novembro.

Para Mantega, apesar de o primeiro semestre ter sido ruim para a economia brasileira, o segundo dá mostras de recuperação.

"No primeiro semestre, tivemos vários problemas internos e externos. Os fatores externos, a meu ver, predominam", pontuou. "Porém, no segundo semestre estamos observando uma recuperação da economia brasileira. Temos vários indicadores que mostram que, a partir de julho, tivemos aceleração moderada do crescimento", continuou.

Entre os fatores internos para o desempenho morno da economia, Mantega citou a seca e a política monetária contracionista do Banco Central –ou seja, o ciclo de aumento dos juros–, sem o qual "estaríamos crescendo mais", nas palavras do ministro.

Para o próximo ano, o FMI revisou de 2% para 1,4% a previsão de crescimento do PIB brasileiro. O governo trabalha com uma previsão de 3%.

Mantega voltou a defender a solidez da economia brasileira. "Estamos com crescimento menor, porém nossos parâmetros são saudáveis, economia está solida, ao contrario de outras economias. O nível de emprego continua muito alto no Brasil, continuamos reduzindo desemprego, ou mantendo desemprego num patamar muito baixo."

FATORES

O FMI aponta o baixo nível de investimento produtivo, o desaquecimento do consumo do brasileiro e a baixa confiança do consumidor e do empresariado como fatores para o desempenho fraco da economia brasileira.

De acordo com o FMI, esses fatores, somados à baixa competitividade, devem manter o crescimento da economia morno em 2014.

Na avaliação de Mantega, há programas em curso para aumentar investimento no país. Já a confiança dos empresários e do consumidor deve ser retomada quando o comércio estiver num "patamar mais acelerado", o que deve acontecer no último trimestre. As vendas de fim de ano, mais crédito no mercado e o décimo terceiro salário devem dar esse impulso, acredita.

"Vamos desovar os estoques da indústria, e a indústria deve voltar a produzir para repor estoques."

Para o ministro, a economia internacional não está se recuperando no ritmo esperado, principalmente a Europa, o que deixa o Brasil "sem uma perna".

"Isso significa que vamos ter que fazer esforço maior para nos viramos com nossas próprias condições", disse.

Mantega afirmou que é preciso dar mais competitividade ao setor exportador, recuperar mercado interno, e oferecer mais crédito.


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