Folha de S. Paulo


FMI reduz projeção de crescimento do Brasil neste ano para 0,3%

O PIB do Brasil teve a maior revisão para baixo entre as projeções de crescimento das 14 maiores economias do mundo feitas pelo FMI.

No novo Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira (7), a previsão de crescimento do Brasil em 2014 foi reduzida em um ponto percentual, de 1,3% em julho para 0,3%.

Na segunda-feira (6), economistas de instituições financeiras reduziram a estimativa de expansão do PIB para 0,24%, segundo a pesquisa Focus, realizada pelo do Banco Central. Foi a 19ª semana consecutiva de queda.

A previsão do governo é mais otimista. Em setembro, o Ministério do Planejamento divulgou a estimativa de 0,9% para este ano.

No último Relatório Trimestral de Inflação, feito pelo Banco Central e divulgado no mês passado, a previsão para o crescimento da economia foi reduzida de 1,6% para 0,7%.

Editoria de Arte/Folhapress

COMPARAÇÃO

De acordo com o FMI, o PIB do planeta crescerá 3,3% neste ano e 3,8% no ano que vem. A revisão da economia mundial para baixo foi de 0,1 ponto percentual.

O desemprego no Brasil também vai subir, segundo o Fundo, de 5,5% neste ano para 6,1% no ano que vem.

É a quinta vez consecutiva que os economistas do Fundo revisam para baixo o crescimento brasileiro. Para 2015, o Fundo reduziu a estimativa de expansão da economia de 2% para 1,4%.

"Pouco investimento, baixa confiança entre empresários e consumidores, condições financeiras apertadas e fraca competitividade" são as razões apontadas pelo relatório pela contínua desaceleração.

Das 14 maiores economias do mundo, apenas duas terão um desempenho pior que o do Brasil: a Itália (-0,2% em 2014) e a Rússia, com 0,2%.

RECUPERAÇÃO 'IRREGULAR'

Na abertura do estudo, o FMI indica que a recuperação econômica mundial é irregular e que agora é mais específica para cada país, sem tendências continentais ou regionais, com vizinhos exibindo performances bem distintas.

O relatório diz que é prioridade para países como Brasil e Turquia "aumentar a poupança doméstica" em momento de "menor apoio do ambiente externo".

Para os economistas do Fundo, a vulnerabilidade brasileira aumenta com a normalização da política monetária dos EUA, depois de anos de estímulos do Banco Central americano, que estava injetando novos dólares no mercado.

Parte desses dólares, que rumava para mercados emergentes atrás de maior retorno, voltaria agora para os EUA, aponta o texto.

Em outro trecho, o Fundo recomenda ao Brasil reformas nas áreas de educação e leis trabalhistas para o país ganhar mais competitividade e produtividade.

MUNDO

O FMI diz que no segundo semestre de 2014 e no ano que vem, a tendência é de crescimento econômico para os EUA (2,2% neste ano, 3,1% no ano que vem) e de desaceleração "controlada" na China (7,4% e 7,1%, respectivamente).

A recuperação da zona do euro continua irregular, com Alemanha (1,4% e 1,5%) bem melhor que França (0,4% e 1%). O Reino Unido tem um crescimento "sólido", de 3,2% neste ano. O Reino Unido tem um crescimento "sólido", de 3,2% neste ano e 2,7% no próximo.

A Índia está se recuperando e crescendo acima do esperado (5,6% e 6,4%), graças ao impacto positivo da eleição de Nahendra Modi, com "recuperação de confiança, aumento de investimentos e alta das exportações", diz o estudo.

Na América do Sul, Argentina e Venezuela serão os únicos com desempenho inferior ao do Brasil, com quedas no PIB de -1,7% e -3% em 2014 respectivamente. Os demais terão altas, como Bolívia (5,2%), Colômbia (4,8%), Equador (4%), Peru (3,6%), Chile (2%).

O estudo, divulgado dias antes do encontro anual do FMI e do Banco Mundial, que ocorre entre quinta (9) e sábado (11), tem um capítulo dedicado aos preços das commodities e da energia.

Para o Fundo, os preços de alimentos continuarão a cair neste ano e no ano que vem, o mesmo acontecendo com o petróleo. O barril, de US$ 102, cairá para US$ 97 em 2016.


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