Folha de S. Paulo


Donos de 'food trucks' questionam os benefícios de trabalhar nas ruas

Os "food trucks" (caminhões para venda de comida) ainda aguardam autorização para funcionarem nas ruas de São Paulo e empresários estão avaliando se vale a pena estacionar nesses locais –para alguns, é melhor permanecer em estacionamentos e eventos fechados, onde eles já podem atuar.

A venda de comida nas ruas de São Paulo foi regulamentada em maio, mas a prefeitura ainda não liberou nenhum TPU (termo de permissão de uso) para esses caminhões. De acordo com a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, há 300 propostas a serem analisadas.

Davi Ribeiro/Folhapress
Guilherme Alves, que criou caminhão para vender massas em São Paulo e está na fila para poder oferecer comida na rua
Guilherme Alves, que criou caminhão para vender massas em São Paulo e está na fila para poder oferecer comida na rua

Um desses pedidos é o do "food truck" Holy Pasta. "Estamos na fila. Enquanto esperamos, fazemos parcerias com lojas para pararmos o caminhão em estacionamentos particulares", diz o proprietário Guilherme Alves.

Muitos têm adotado essa estratégia para trabalhar. Outros nem quiseram entrar na disputa por uma TPU. É o caso dos sócios Fernando Mainardi e Maurício Bicudo, que inauguraram, em setembro, o Hot D.O.C. "A legislação do jeito que está não nos favorece. Nossa tática é atuar em food parks' e eventos fechados", diz Bicudo.

O principal ponto de discordância são os locais de parada. As subprefeituras de cada região da cidade listaram em quais lugares os caminhões poderiam ficar. Mas, para a Associação de Comida de Rua, o dono do caminhão é quem deveria escolher o local e, então, submeter o ponto à avaliação.

Outra questão apontada pela classe é que os carros deveriam ter autorização para circular pela cidade, sem estacionar em locais deliberados, como prevê a regulamentação da lei.

Tal determinação, segundo eles, diminui a lucratividade do negócio. "A gente tem roda é para rodar", afirma o dono do Holy Pasta.

"Nós não estamos trabalhando com um padrão de alimento de consumo contínuo. Não adianta querer vender cuscuz marroquino de segunda à sexta, no mesmo lugar, para o mesmo cliente", argumenta o vice-presidente da associação, Celso Oliveira.

Mesmo assim, empresários dizem que o setor vale a pena por causa dos custos envolvidos. Bicudo diz que foram investidos R$ 120 mil na montagem do caminhão.

"Se tivéssemos optado por abrir um restaurante, teríamos gasto, no mínimo, o dobro", afirma. Os preços para montar um caminhão variam de R$ 60 mil a R$ 300 mil.

CUSTO FIXO

"Outro fator que explica o boom dos trucks' é o fato de o empresário estar livre dos aluguéis de imóveis, que aumentaram muito nos últimos anos", explica Karyna Muniz, consultora do Sebrae-SP.

Nos chamados "food parks", que são locais que abrigam esses caminhões, paga-se uma taxa para ficar. "Os preços variam de R$ 300 a R$ 500 por dia", conta Caio Augusto de Sá, proprietário do Panela na Rua, um desses estacionamentos.

A lotação máxima é de 12 desses veículos e há um rodízio. "A gente gosta de dar oportunidade para novos trucks'", diz o empresário.


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