Folha de S. Paulo


Bolsa desaba e dólar bate R$ 2,46 com recuperação de Dilma nas pesquisas

O mau humor dos investidores predomina no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira (29), após as pesquisas apontarem para a recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, na disputa eleitoral.

Às 10h21, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, desabava 5,17%, aos 54.251 pontos. No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, disparava 1,58%, a R$ 2,459, atingindo o maior patamar desde 8 de dezembro de 2008. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, tinha alta de 1,94%, a R$ 2,463.

Porém, ao longo da manhã a Bolsa foi reduzindo a queda e, às 12h30, o Ibovespa caía 3,64%, a 55.128 pontos. O dólar à vista avançava 1,03%, a R$ 2,446, e o comercial tinha alta de 1,28%, a R$ 2,447.

A pesquisa eleitoral divulgada na última sexta-feira (26) pelo instituto Datafolha que mostra Dilma à frente da candidata do PSB, Marina Silva, no segundo turno é apontada por analistas como a principal causa para o mau humor dos investidores nesta segunda-feira.

Na sexta-feira, o Ibovespa subiu 2,23%, impulsionado pela alta de mais de 5% nas ações da Petrobras, pois havia expectativa no mercado financeiro de que a pesquisa Datafolha fosse ser favorável à oposição ou desfavorável ao governo.

"Como o resultado foi contrário, quem tinha comprado ações na sexta-feira com essa expectativa teve que vender hoje [segunda, 29]", disse Raymundo Magliano Neto, presidente da Magliano Corretora. Essa reversão da expectativa acabou empurrando o índice para baixo.

É a mesma avaliação de André Moraes, da Rico.com.vc, home broker da Octo Corretora. "O mercado operou no boato de que o Datafolha vinha favorável à Marina e que uma revista traria informações associando a campanha da Dilma de 2010 à corrupção. Então subiu forte na sexta-feira, mas o dado sobre o Datafolha acabou não se concretizando e o impacto da notícia na revista foi menor que o esperado."

No primeiro turno, de acordo com o Datafolha, a candidata petista teria 40% dos votos totais, 13 pontos à frente de Marina, que alcança 27%. Na pesquisa anterior, a dianteira de Dilma era de 7 pontos.

No segundo turno mais provável, Dilma aparece com 47%, contra 43% de Marina, na primeira vez que a presidente surgiu numericamente à frente da pessebista nesse tipo de simulação. Na semana anterior, o placar era 46% a 44% para Marina. No fim de agosto, a ex-ministra do Meio Ambiente tinha dez pontos de vantagem sobre Dilma (50% a 40%).

Segundo Moraes, da Rico.com.vc, a semana deve ser volátil para a Bolsa brasileira, conforme forem sendo divulgadas novas pesquisas de intenção de voto. "Os investidores têm que tomar cuidado ao entrar no mercado. O ganho pode ser bom se o investidor acertar o cenário, mas pode haver prejuízo se errar", diz

Na tarde desta segunda-feira será divulgada nova pesquisa CNT/MDA sobre a disputa presidencial.

"Toda a alta que vimos no Ibovespa desde março se deveu à especulação eleitoral. Avaliamos que, se o governo atual se reeleger e mantiver igual a condução da economia, o Ibovespa pode voltar aos patamares do início do ano", disse Magliano Neto.

AÇÕES

Os papéis das estatais são os mais sensíveis à atual disputa eleitoral. Isso porque parte dos investidores acredita que uma vitória da oposição significaria uma diminuição na intervenção do governo na empresa. Logo, quando Dilma cai nas pesquisas, os papeis da companhia se valorizam.

Como resultado, as ações da Petrobras desabam quase 10% nesta segunda-feira. Às 10h30, os papéis ordinários, com direito a voto, perdiam 9,13%, a R$ 18,01. Já os preferenciais, mais negociados, tinham forte desvalorização de 9,31%, a R$ 18,99.

Às 10h54, os papéis do Banco do Brasil despencavam 7,94%, a R$ 27,47, enquanto as ações preferenciais da Eletrobras perdiam 2,36%, a R$ 10,30, e as ordinárias, 4,09%, a R$ 7,03, no mesmo horário.

No mercado doméstico, a nova pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central com economistas, mostrou elevação projeção de alta da inflação oficial do país, o IPCA, para 6,31% este ano. A previsão anterior era de 6,30%.

O Focus mostrou ainda que a trajetória de redução nas estimativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano continuou pela 18ª semana seguida, indo de 0,30% a 0,29%. A estimativa de expansão da atividade permaneceu em 1,01% para o próximo ano.

Os investidores também analisam as notícias sobre a troca de comando da Usiminas. Na semana passada, a siderúrgica anunciou a destituição do presidente da companhia, Julián Eguren, em meio a um conflito entre os acionistas Ternium e Nippon Steel.

Em relatório, a Magliano Corretora diz que analistas que acompanham o papel esperam que a empresa convoque novas eleições em breve, mas destacaram que o evento foi inesperado e trouxe ainda mais incerteza ao cenário que já é negativo para a companhia.

"Os profissionais avaliam que a retração de demanda por aço no mercado interno e a queda do preço do minério de ferro, que colocou em xeque os planos de verticalização da empresa, já eram suficientes para pressionar as suas ações. Agora, o conflito entre os acionistas e a dúvida sobre quem será o novo líder da empresa colocam ainda mais pressão sobre a companhia", afirma a corretora.

Às 11h42, os papéis ordinários da Usiminas caíam 5,18%, a R$ 6,95, enquanto os preferenciais tinham baixa de 4,91%, a R$ 6,77.

DÓLAR

O Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio nesta sessão, vendendo os 4.000 contratos de swap cambial –equivalente à venda futura de dólares.

Foram vendidos 1.700 contratos com vencimento para 1º de junho e 2.300 para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,5 milhões.

O BC também vendeu a oferta total de até 15 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em outubro e, com isso, rolou praticamente todo o lote total, que corresponde a US$ 6,677 bilhões.


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