Folha de S. Paulo


Oi é a única grande tele que ficará de fora do leilão da internet 4G

A Oi é a única grande empresa de telecomunicações do país que não registrou interesse na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para participar do segundo leilão do país de internet 4G.

A empresa surpreendeu o mercado ao publicar na manhã desta terça-feira (23) um fato relevante na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) afirmando que já tem infraestrutura disponível "para atender à crescente demanda por dados móveis" de seus clientes.

No comunicado, defendeu que seu "diversificado portfólio" permite prover serviços de voz e dados "de forma competitiva" e destacou que, no futuro, poderá utilizar uma outra faixa, atualmente em uso para internet 2G, para ampliar e modernizar seus serviços de internet, sem dar maiores detalhes.

A empresa reforçou também que a nova faixa só poderá ser usada a partir de 2019 (uma das reclamações feitas pelo setor ao leilão) e que, com isso, prefere manter sua estratégia de investir na melhoria da qualidade, projetos estruturantes de sua rede e no aumento de sua cobertura.

A Nextel também ficou de fora, afirmando que "continuará atenta a toda oportunidade de investimento para crescimento e desenvolvimento do negócio". O grupo controlador da Nextel, o grupo norte-americano NII Holdings entrou com pedido de recuperação judicial em 15 de setembro.

Analistas consideraram a decisão da Oi de não participar do leilão como um reforço a rumores no mercado sobre novas consolidações no mercado brasileiro de telecomunicações, depois que a Telefônica fechou acordo recente para a compra da GVT, e apostam em perda de competividade do grupo brasileiro.

"Acreditamos que a companhia não será competitiva sem espectro na faixa de 700 MHz (...) O espectro de 2,5 GHz exige mais investimento e é menos eficiente em termos de cobertura que o de 700 MHz", afirmaram analistas do Itaú BBA em nota, afirmando que entre as operadoras, a Oi é a empresa que tem menor presença no espectro "mais baixo". "O 700 MHz é importante para a empresa", afirmaram.

A decisão da Oi de não participar também foi uma "surpresa" para analistas do Bradesco BBI, que esperavam a presença das quatro maiores operadoras do país no leilão da próxima semana.

"O resultado final da decisão da Oi é negativo, uma vez que deve colocar pressão sobre a companhia em sua tentativa de comprar a TIM", disseram os analistas do Bradesco BBI em nota. "Além disso, no caso de não haver nenhuma consolidação importante, isso deve afetar a competitividade da Oi no mercado celular, que ainda segue tirando tráfego de serviços de telefonia fixa", acrescentaram.

O Ministério das Comunicações e a Anatel asseguram que a desistência da Oi não prejudicará o leilão da internet 4G.

CADASTRADAS

Todas as demais grandes empresas do setor –Claro, Vivo e TIM–, além da empresa Algar Telecom, se inscreveram no pregão.

Não houve nenhuma empresa estrangeira cadastrada, assim como também não se cadastrou a Sercomtel, empresa brasileira de menor porte com sede no Paraná, que tinha sua participação dada como aposta do governo.

Pelas regras da Anatel, todas as empresas interessadas em participar do segundo leilão de internet 4G (cerca de dez vezes mais rápida que a 3G) deveriam entregar suas propostas em envelopes fechados nesta terça-feira (23).

LEILÃO

O leilão será realizado na próxima semana, dia 30, na sede da Anatel, em Brasília.

Apenas no dia do pregão os envelopes podem ser abertos.

A agência anunciará o preço mais alto ofertado e, a partir desse valor, as demais concorrentes podem refazer suas propostas para tentar arrematar o lote.

Ao todo, seis opções estarão disponíveis na primeira fase da disputa. O governo espera uma arrecadação mínima de R$ 7,7 bilhões com a venda de todos eles.

Caso não apareça interessados para algum dos lotes, a Anatel irá reparti-lo em dois. Ao torná-lo menor, a agência consegue reduzir também o preço e atrair mais interesse.

Quanto mais faixas uma empresa tiver, maior a capacidade que ela terá para oferecer serviços de internet. Isso significa que ela também poderá atender a um número maior de clientes, mantendo a qualidade do serviço.

A arrecadação com o leilão de internet 4G é fundamental para o governo. Por meio dela, espera-se compensar parte do efeito da queda na arrecadação sobre as finanças públicas.

Com Reuters.


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