Folha de S. Paulo


Confira as doenças que mais dão afastamento no INSS

Fraturas e problemas nas costas encabeçam a lista das doenças que mais dão afastamentos pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) na capital paulista.

As informações foram obtidas pelo "Agora" por meio da Lei de Acesso à Informação. Só nos sete primeiros meses do ano, 73.894 auxílios-doença foram liberados nas agências da capital. No país, o INSS liberou mais de 1,4 milhão de benefícios do tipo. No Estado, foram 375.013.

Um dado começa a preocupar: na capital, a depressão está entre os três principais problemas que acometem a saúde do trabalhador, evidenciando mudanças no padrão das concessões de benefícios por incapacidade. Na comparação, a doença é a nona maior causa de auxílio-doença no Estado de São Paulo e a 13ª no país.

A fratura no punho e na mão é o problema mais comum entre os paulistas, enquanto o tumor no útero lidera a relação de afastamentos pelo INSS em todo o país.

Segundo a Previdência Social, há alguns anos, o setor industrial registrava, proporcionalmente, mais acidentes.

Mas, com a mudança no perfil econômico e com a melhoria e a informatização dos ambientes de trabalho, os acidentes típicos vêm baixando sua incidência.

"Por outro lado, verificamos afastamentos prolongados por algumas doenças que são desencadeadas ou agravadas pelo trabalho. Ou seja, do ponto de vista relativo, enquanto há uma diminuição no número de acidentes típicos, há um aumento no número de afastamentos por doenças do trabalho", informa a pasta.

A concessão do auxílio-doença do INSS depende de uma perícia do órgão. Nenhum segurado pode ir a uma agência pedindo um benefício do tipo. Ele deve, antes, marcar um agendamento de perícia para ser analisado por um médico.

Esse perito é quem decidirá se há o direito ao auxílio ou não.

MAIS AUXÍLIO

Dados do Ministério da Previdência Social apontam que, entre 2000 e 2011, houve um crescimento de 163% na concessão do auxílio-doença, contra 124% do auxílio-doença acidentário, quando há acidente no ambiente
profissional.

O estudo levanta ainda o fato de que as doenças motivadas por fatores de riscos ergonômicos e a sobrecarga mental têm superado os traumáticos, como fraturas.

Enquanto as primeiras alcançaram peso de 20,76% de todos os afastamentos no período, os acidentes respondem por 19,43%.

Veja, abaixo, os principais motivos que geraram afastamento:

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NO ESTADO DE SÃO PAULO

POSIÇÃO PROBLEMA TOTAL DE BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
Fratura do punho e da mão 6.840
Transtorno de discos intervertebrais (nas costas) 6.334
Fratura dos dedos 5.984
Lesões do ombro 5.461
Tumor no útero 5.448
Dor nas costas 5.442
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas 5.405
Hérnia na virilha 5.228
Depressão 5.091
10º Transtornos internos dos joelhos 4.962
11º Fratura da perna, incluindo tornozelo 4.814
12º Fratura no punho 4.378
13º Colelitíase (pedras na vesícula biliar) 4.343
14º Fratura no pé 4.328
15º Fratura na região da mão (metacarpo) 4.299
16º Fratura na região do pé (metatarso) 4.297
17º Dor lombar 4.278
18º Varizes nas pernas 3.653
19º Apendicite aguda 3.599
20º Síndrome do manguito rotador (nos músculos que ligam ao ombro) 3.430

NA CAPITAL PAULISTA

POSIÇÃO PROBLEMA TOTAL DE BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
Transtorno de discos intervertebrais (nas costas) 1.601
Fratura do punho e da mão 1.482
Depressão 1.323
Fratura da perna, incluindo tornozelo 1.206
Fratura dos dedos 1.195
Fratura na região do pé 1.137
Tumor no útero 1.111
Fratura no punho (extremidade distal do rádio) 1.099
Fratura no pé 1.053
10º Fratura na mão (metacarpo) 1.026
11º Lesões no ombro 1.011
12º Dor nas costas 931
13º Transtornos internos dos joelhos 897
14º Entorse e distensão do tornozelo 792
15º Hérnia na virilha 763
16º Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas 748
17º Fratura do maléolo lateral (no lado externo do tornozelo) 706
18º Varizes nas pernas 695
19º Fratura do antebraço 664
20º Câncer de mama 650

NO BRASIL

POSIÇÃO PROBLEMA TOTAL DE BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
Tumor no útero 26.730
Dor lombar 23.557
Dor nas costas 22.597
Transtorno de discos intervertebrais (nas costas) 21.348
Colelitíase (pedras na vesícula biliar) 21.072
Hérnia na virilha 20.604
Fratura do punho e da mão 19.539
Transtornos internos dos joelhos 18.877
Lesões do ombro 18.674
10º Fratura no punho 17.334
11º Fratura dos dedos 17.197
12º Fratura da perna, incluindo tornozelo 16.147
13º Depressão 16.017
14º Fratura da clavícula 15.353
15º Dor aguda na lombar que irradia para membros posteriores 14.975
16º Apendicite aguda 14.326
17º Fratura na região do pé (metatarso) 14.003
18º Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas 13.541
19º Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia o que é 13.326
20º Varizes nas pernas sem úlcera ou inflamação 12.647

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COMO GARANTIR O AUXÍLIO

  • Para ter direito ao auxíliodoença ou a qualquer outro benefício por incapacidade, o segurado precisa passar por uma perícia
  • Antes, é preciso agendar o atendimento em um dos canais do INSS:

Pelo telefone

  • É preciso ligar no 135 e agendar o pedido
  • Será marcada uma perícia médica

Pelo site

  • O segurado deve acessar www.inss.gov.br e escolher "Requerimento de auxílio-doença"

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O QUE LEVAR NA PERÍCIA

Laudo médico

  • O laudo deve detalhar o problema de saúde do segurado e como ele impede o trabalho
  • O ideal é que o laudo tenha também a CID (Classificação Internacional de Doenças)
  • Se for emitido por um profissional do SUS (Sistema Único de Saúde), será ainda melhor
  • Esse médico tem a chamada fé-pública, o que dá mais garantia ao documento

Exames

  • Leve todas as radiografias, os ultrassons, as tomografias e os hemogramas
  • Os relatórios com os resultados devem estar anexados

Receitas e atestados

  • Ajudam a mostrar a situação frágil do segurado

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SE O INSS NEGAR O AUXÍLIO

O segurado poderá fazer um pedido de reconsideração ou pedir para passar por uma nova perícia

Reconsideração

  • Será preciso provar ao médico que existem novas provas de sua incapacidade
  • Esse pedido deve ser feito em até 30 dias após o segurado ser informado de que o auxílio foi negado nova perícia inicial
  • No pedido de novo benefício, o segurado pode levar os mesmos exames e laudos do primeiro
  • Ele passará por um novo exame e terá uma nova data de pedido inicial para a contagem dos atrasados

Regras

  • Não é possível fazer os dois pedidos ao mesmo tempo
  • O segurado só poderá solicitar um novo auxílio-doença depois que sair o resultado da reconsideração

Fontes: Lei de Acesso à Informação, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e Ministério da Previdência Social


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