Os investimentos em infraestrutura no país durante o governo Dilma Rousseff devem crescer em comparação com anos anteriores, segundo estimativas feitas pela consultoria Inter.B. O levantamento aponta também que a alta interrompe uma queda de três décadas consecutivas dos investimentos na área.
Desde os anos 1970, o total investido em infraestrutura, em média anual, caiu de 5,42% do PIB (Produto Interno Bruto) nessa década para 2,16% na de 2000.
Nos primeiros anos da década de 2010, essa média anual deve subir para 2,4%.
Essa projeção foi feita a partir de dados consolidados de 2011 a 2013, além da estimativa feita pelo escritório para 2014.
Caso a previsão da consultoria se concretize, neste ano, serão investidos R$ 130,4 bilhões em infraestrutura.
O contraponto feito por Cláudio Frischtak, presidente da consultoria, é que o nível atual dos investimentos ainda está bem aquém das necessidades do país para se desenvolver.
"O Brasil precisa investir entre 4% e 4,5% do PIB durante um período de 20 anos para alcançar um patamar de desenvolvimento semelhante ao da Coreia do Sul", diz.
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GASTO PÚBLICO
Para Frischtak, um esforço fiscal do governo promoveu a alta dos investimentos em infraestrutura. Ele cita o crescimento de gastos do governo e o uso do BNDES como as razões principais da alta.
Por esses motivos, o economista se diz preocupado com um possível recrudescimento desse indicador.
"Não há recursos fiscais disponíveis para continuar alavancando os investimentos", afirma Frischtak.
Para Hélcio Tokeshi, da GP Investimentos, a melhora dos números reflete um melhor planejamento do governo federal, principalmente no setor elétrico.
"Houve um esforço na melhoria do planejamento, com a criação da EPE [Empresa de Pesquisa Energética] e, mais recentemente, da EPL [Empresa de Planejamento Logístico]. É cedo para avaliá-las, mas é um caminho", diz.
O economista Raul Velloso, por outro lado, aponta a queda nos investimentos nos setores de telecomunicações e rodovias, prevista pela Inter.B para 2014, como um sinal de alerta.
"O hiato que temos em infraestrutura nessas áreas é enorme. Esses números mostram a perpetuação do caos", afirma Velloso.