Folha de S. Paulo


Tecidos mais resistentes e 'antifedor' elevam vendas de roupas de ginástica

Camisas de ginástica feitas de kevlar –material mais conhecido por seu uso em coletes à prova de balas. Roupas de baixo com "tecnologia antiodor". Tecidos que evitam suor. Lycra feita de milho. E shorts projetados para usar cordura, material resistente usado em assentos de carros.

Com o ganho de popularidade dos trajes inspirados pelas calças de ioga e seu uso mais frequente como roupa de rua e até mesmo no trabalho, as vendas de roupas esportivas dispararam.

Duas estratégias principais emergiram dessa disputa por fatia de mercado, em um período de cautela da parte dos consumidores. Alguns varejistas optam pelo ângulo mais simples, lutando por oferecer o preço mais baixo possível para os leggings e meias de ginástica que vendem. Outros iniciaram uma "corrida armamentista" para oferecer as roupas mais novas e de mais alta tecnologia, e com a maior frequência possível.

"A cada estação, agora, ou pelo menos duas ou três vezes por ano, eles procuram uma história nova", diz Bob Kirkwood, vice-presidente executivo de tecnologia e marketing da Invista Apparel, uma companhia que cria e testa tecidos de alta tecnologia em parceria com grandes marcas. "Quer seja a maneira pela qual construímos o tecido, quer uma nova fibra, quer um novo tratamento para o pano –é essa a expectativa que eles têm."

Jessica Kourkounis/The New York Times
Funcionária testa novo tipo de tecido para roupas de ginástica na Invista Apparel, nos EUA; vendas do setor têm crescimento de 8% ao ano no país
Funcionária testa novo tipo de tecido para roupas de ginástica na Invista Apparel, nos EUA

"ANTIFEDOR"

A Lululemon há anos usa uma tecnologia que ela chama de Silverescent, que os executivos da empresa descrevem entusiasticamente como "antifedor". A companhia afirma que os materiais usados no fio eliminam as bactérias causadoras de odores que surgem no tecido.

"Pode-se usar a roupa vezes e ela não terá cheiro ruim", diz Felix del Toro, vice-presidente sênior da empresa. "Mesmo que a pessoa não lave a roupa, menos de 24 horas depois o cheiro terá desaparecido", diz. "Obviamente nós defendemos que a pessoa lave a roupa. Roupa limpa, sou fã", acrescentou.

As vendas de roupas vêm enfrentando problemas há alguns anos, devido à economia em crise e à forte concorrência pelo dinheiro dos consumidores com outros bens, como smartphones.

Segundo o NPD Group, companhia de pesquisa de mercado, as vendas de roupas crescem a um ritmo anual de 1%. As roupas de exercício se destacam, conquistando ritmo de alta muito mais acelerado. As vendas de roupas esportivas subiram 8% em ritmo anualizado, e elas se tornaram um mercado de US$ 33,4 bilhões nos EUA.

Mas de quantas calças de moletom uma pessoa pode precisar? Aí entra o kevlar.

"Você realmente precisa de mais pasta de dentes se já tem alguns tubos?", pergunta Marshal Cohen, principal analista de roupas no NPD.

"Mas, se eu conseguir convencê-lo de que com uma determinada pasta você não terá cáries e seus dentes durarão 150 anos, você certamente vai comprá-la."

Seguindo a mesma linha, diz Cohen, "mesmo que você tenha roupas de exercício, vai preferir essas novas peças, porque elas são melhores".

A partir de 2015, a Reebok oferecerá tops, calças e calçados com kevlar, além de roupas com cordura, ambos materiais resistentes.

Chris Froio, vice-presidente de treinamento da companhia, disse que os novos tecidos para roupas esportivas miravam praticantes de modalidades como o cross-fit.

"Roupas mais leves e mais fortes são aquilo que as pessoas estão procurando", disse Froio, explicando que, depois de gastar dinheiro de verdade em uma camisa que o usuário planeja encharcar de suor, o consumidor não deveria se preocupar com a possibilidade de que ela termine desgastada devido a exercícios ou lavagens.


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